SEQUESTRO

Marcelinho Carioca: Dono do cativeiro é indiciado e polícia desvenda motivação para sequestro

Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil afirma que o crime foi “ocasional” e contou com a participação de 10 pessoas; 6 foram indiciados, dos quais 4 já estão presos

Marcelinho Carioca é gravado por sequestradores dentro do cativeiro.Créditos: Reprodução/Rede X
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O dono do imóvel em Itaquaquecetuba (SP) onde Marcelinho Carioca e uma amiga sua foram mantidos em cativeiro foi indiciado nesta terça-feira (19) pela Polícia Civil ao lado de outras 5 pessoas por 6 crimes relacionados ao episódio envolvendo o ex-jogador. Ele e uma mulher que também foi indiciada estão foragidos.

Outros quatro indiciados, dois homens e duas mulheres, já foram presos e passaram por audiência de custódia nesta terça. Eles agora respondem por sequestro, extorsão, formação de quadrilha, roubo, lavagem de dinheiro e receptação.

De acordo com a Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil de São Paulo, que cuida do caso, dez pessoas participaram do sequestro do ex-jogador e ídolo do Corinthians. À TV Globo o delegado Fábio Nelson Fernandes, diretor da Anti-Sequestro, disse que o crime foi ocasional.

Em outras palavras, o grupo não planejou o sequestro de Marcelinho. Mas teve uma espécie de ‘insight do crime’ quando avistaram o carro de luxo do ex-jogador.

“O automóvel chamou a atenção dos bandidos, que avaliaram que o dono dele teria dinheiro para extorquirem. Por isso o sequestraram. Como estava com a amiga, ela foi levada junto. Na hora nem sabiam que se tratava do Marcelinho Carioca. Os dois foram agredidos quando abordados, além de terem sido ameaçados constantemente”, disse o delegado Eduardo Bernardo Pereira.

Relembre o caso

Marcelinho foi com a um show na Arena Corinthians na noite de sábado (16) e, ao saírem de lá, já na madrugada de domingo, foram sequestrados e levados para o cativeiro em Itaquaquecetuba. Os criminosos fizeram pedidos de pagamento para resgate do ex-atleta no domingo e na segunda.

Nesta segunda (18), horas antes de Marcelinho ser libertado graças a denúncias anônimas que revelaram a localização do cativeiro à polícia, os sequestradores divulgaram um vídeo em que o ex-jogador aparecia com o olho roxo, junto com uma mulher casada, dizendo que tinha um relacionamento com ela, e que como o marido da moça teria descoberto, os dois teriam sido então sequestrados por ele, ou a mando dele. A mulher também fala no registro feito pelos bandidos e confirma a história da traição.

Para os investigadores, a gravação do vídeo foi uma tentativa dos criminosos de desviar a atenção da polícia. E realmente não faria sentido a tese do adultério.

O marido da mulher, identificado pelo apelido de Márcio do Beco, é um comerciante muito conhecido em Itaquaquecetuba. A esposa dele teria trabalhado muito tempo com Marcelinho Carioca na prefeitura daquele município, já que o ex-craque foi secretário de Esportes lá. Marcelinho e Márcio do Beco, inclusive, se conheciam bem. O fato de o vídeo ter sido gravado com uma “confissão” que aparenta ser fruto de uma coação e divulgado nas redes depois que o caso ganhou repercussão nacional também é algo que não faz sentido para os investigadores, uma vez que o suposto autor do crime nessa versão (Márcio do Beco) estaria se incriminando e liberando as duas vítimas, o ex-jogador e a própria esposa, para denunciá-lo às autoridades.

Márcio do Beco também já havia postado imagens da esposa nas redes sociais afirmando que ela estava desaparecida e disse em entrevista para o apresentador Luiz Bacci, da Record TV, que não tem qualquer relação com o crime cometido contra ela e o “pé de anjo”. Ele teria, inclusive, se apresentado voluntariamente numa delegacia para prestar depoimento e reiterar que não faz ideia de como e por que o tal sequestro teria ocorrido, assim como desconhece por qual razão sua mulher foi parar no cativeiro junto com Marcelinho.