O homem que esfaqueou até a morte um morador de rua de 29 anos que vendia paçoca na porta de um supermercado de Blumenau (SC), na última sexta (3), só porque ele havia oferecido um doce à sua filha, é um seguidor aguerrido do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (PL) e do empresário bilionário Luciano Hang, conhecido como Véio da Havan, um inveterado bolsonarista.
Na rede LinkedIn, destinada a conexões profissionais, Gleidson Tiago da Cruz, de 41 anos, que se identifica como operador de empilhadeira, curtia e se engajava em diversas publicações do antigo chefe de Estado ultrarreacionário, assim como do ricaço dono da rede de lojas de itens em geral. Ele “gostou”, por exemplo, de uma publicação de Bolsonaro em que uma primeira página de O Globo era reproduzida com uma manchete dizendo que a Receita Federal havia confirmado que as joias do escândalo saudita seriam bens isentos de impostos. Na mesma semana, Cruz também “amou” uma postagem do líder extremista listando supostas reformas realizadas em seu governo.
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Uma mensagem de autoajuda genérica de Luciano Hang, andando de moto, foi igualmente alvo de admiração por parte do assassino, bem como uma publicação que mostra o empresário recebendo uma maquiagem para se fantasiar de Tio Chico, o personagem da Família Addams, para uma festa de Halloween. Muitas outras reações são realizadas pelo esfaqueador em vários posts, tanto de Bolsonaro como do Véio da Havan.
Cruz também costumava “curtir” e “amar”, além de compartilhar, publicações religiosas com imagens católicas e com textos mencionando “fé”, “Deus”, “amém” e “Ele”. Há ainda engajamentos em postagens genéricas, como de automóveis de luxo e de personalidades dos mundos empresarial e da política exterior.
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O juiz Eduardo Passold Reis, que recebeu o caso na audiência de custódia, determinou a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, o que mantém Cruz até o momento atrás das grades. Segundo o magistrado, “o crime foi praticado de forma violenta e cruel, sendo a vítima atingida por ao menos quinze golpes de faca, tendo o instrumento cortante inclusive ficado preso ao tórax da vítima, que caiu à beira da calçada em local de intenso fluxo de pedestres e veículos”. Câmeras de segurança revelaram que não houve qualquer legítima defesa, uma vez que a vítima foi atacada pelas costas.
Geovane Ferreira da Silva tinha família em Blumenau, mas, segundo parentes e amigos, vivia na rua “por decisão própria”. Ele vendia paçoca em locais de grande circulação de pessoas, segundo moradores da cidade catarinense.
Veja as reações às postagens de Bolsonaro e de Luciano Hang, além de mensagens religiosas: