O homem morto a facadas em frente a um supermercado em Blumenau (SC) na última sexta-feira (3), foi identificado como Giovane Ferreira da Silva, de 29 anos. Ele faria 30 anos três dias após ser assassinado por um sujeito de 41 anos que o esfaqueou após ele oferecer paçoca à sua filha.
De acordo com familiares, Giovane vivia em situação de rua por escolha própria, já que tinha família na cidade, inclusive irmãos, avós e tios. “A mãe está muito abalada”, relatou uma pessoa da família ao jornal O Município Blumenau. “Todos hoje choram a perda dele. Queremos justiça para que essa crueldade não fique impune”, disse.
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Giovane Ferreira da Silva
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Relembre o caso
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o momento em que o homem usa uma faca para desferir diversos golpes contra o vendedor ambulante. Em seguida, ele sai e vai ao encontro da filha, que estava na calçada.
Segundo o boletim de ocorrência, da Polícia Militar, o crime teria ocorrido após o morador de rua oferecer uma paçoca à criança quando ela entrava com o pai no estabelecimento.
Ao deixar o supermercado, o homem encontrou novamente o vendedor e começou uma discussão, que terminou com as facadas. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamada, mas o morador de rua já estava morto.
O homem, que teve uma lesão na mão ao esfaquear o vendedor, aguardou a chegada da polícia e se entregou. Ele foi levado para atendimento e, em seguida, à delegacia local.
Veja imagens: CENAS FORTES
A justificativa
Após audiência de custódia, que decretou a prisão preventiva do autor do brutal assassinato de uma pessoa em situação de rua em frente a um supermercado em Blumenau (SC), neste sábado (4) o advogado Rodolfo Warmeling revelou a justificativa do homem para cometer o crime.
De acordo com o advogado, a filha do autor do assassinato, ficará com a mãe até a finalização do inquérito.
“Por enquanto, a criança, filha dele, está ficando aos cuidados da mãe. Esse, inclusive, é um dos motivos pelos quais estamos insistindo tanto na liberdade dele. Então é uma situação que estamos trabalhando”, disse Warmelig ao site local O Município.
Segundo boletim de ocorrência, o morador de rua teria oferecido uma paçoca à garota na entrada do supermercado, o que gerou a primeira discussão. Após deixar o estabelecimento, a discussão teria continuado e o homem desferiu cinco facadas, matando o vendedor ambulante em plena luz do dia.
No entanto, o advogado afirma que o morador de rua teria feito "uma ameaça velada à integridade física da filha menor de idade do autor” durante a discussão com o pai.
“A vítima, insatisfeita com a ameaça proferida à integridade física da filha menor do autor, prosseguiu com ofensas de baixo calão e desferiu chutes no carrinho de bebê com novas ameaças. A ação foi instintiva de um pai [autor do crime] que estava na eminência de uma grande ameaça que colocava em risco não somente à sua integridade física, mas também, a de sua filha menor que conta com pouco mais de 2 anos de idade”, disse o advogado.
Warmelig alegou ainda que houve "luta corporal" entre os dois, o que as imagens não mostram. O advogado ainda afirmou que a faca estaria com o vendedor ambulante, que teria sido desarmado pelo autor, que usou a arma para o assassinato.
“É um fato lamentável oriundo de um pai que se viu ameaçado por um cidadão que desrespeitou todos os limites toleráveis, sobretudo, ao ameaçar a integridade física de uma criança com menos de 3 anos de idade”, disse.
A Polícia Militar afirma no B.O. que a faca estava de posse do autor do crime. Neste sábado foram entregues imagens de câmeras de segurança à polícia civil, que ainda ouviu testemunhas que presenciaram o crime.
Ataques à população de rua
O assassinato em Blumenau é apenas parte de um levante contra moradores de rua em Santa Catarina, estado administrado por Jorginho Mello (PL), um dos principais aduladores de Jair Bolsonaro (PL), que venceu com folga as eleições presidenciais no Estado.
Em Itajaí, a PM expulsou cerca de 40 pessoas em situação de rua que viviam sob ameaças das autoridades desde o mês de abril, quando foi imposto um toque de recolher clandestino a partir das 22h.
Neste horário, conforme apurou a Fórum com algumas das vítimas desses ataques e com servidores municipais que fazem o atendimento dessa população, os policiais se dirigiam a qualquer que fosse o local onde estivessem as pessoas em condição de rua e as levavam compulsoriamente até a chamada favela do Matadouro.
Trata-se de um área afastada de qualquer urbanização, aos pés de um morro, atrás do campus universitário da Univali (Universidade do Vale do Itajaí). Lá, elas eram agredidas e, em mais de uma oportunidade, tiveram seus pertences queimados por membros da Guarda Civil Metropolitana da cidade.
No dia 31 de outubro, a imprensa de todo país exibiu os vídeos que mostram cerca de 40 pessoas em situação de rua sendo expulsas da cidade de Itajaí por policiais militares em suas viaturas. Elas foram “escoltadas” pela estrada até deixarem os limites da cidade, sendo deixados na entrada do município vizinho de Balneário Camboriú.