Nesta quarta-feira (4), a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) apresentou, pela primeira vez, propostas concretas para pôr fim à greve geral na universidade, que já entra em sua terceira semana.
Na reunião onde as proposições foram apresentadas estavam presentes o reitor, Carlos Alberto Carlotti Jr., a vice-reitora, Maria Arminda do Nascimento Arruda, bem como demais representantes da reitoria e dos estudantes participantes da greve geral.
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Essa foi a terceira reunião de negociação entre a reitoria da USP e os grevistas. No entanto, só agora a gestão da universidade apresentou propostas concretas para atender as demandas estudantis. Em meio à deflagração da greve, o reitor viajou para a Europa, retornando apenas nesta semana.
O que foi apresentado
A reitoria da USP se comprometeu a disponibilizar 148 novas vagas para docentes, distribuídas de acordo com as necessidades de cada unidade da USP, isto é, sem serem submetidas ao edital de excelência e mérito.
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Essa é uma das reivindicações dos grevistas, uma vez que, além de sofrer com a falta de professores, a universidade determina uma parte da distribuição dos docentes a partir de critérios de avaliação e não das reais demandas de cada curso.
A reitoria se comprometeu ainda a “fazer uma força-tarefa” para preencher as 148 vagas com professores temporários em até 45 dias, enquanto concursos para efetivos são realizados.
Outro comprometimento da gestão foi de levar ao Conselho Universitário a proposta de retorno do chamado “gatilho automático”, isto é, um mecanismo que garante a reposição imediata de professores que se aposentaram ou faleceram. No entanto, essa proposta só seria válida até o final dessa gestão, em 2025.
A reitoria também se comprometeu a implementar a Comissão de Acesso Indígena, bem como com a aprovação de um edital de pesquisa para projetos de pesquisadores indígenas e de que será instituída uma comissão de verificação indígena.
Também houve o avanço em discussões sobre questões de permanência estudantil. A reitoria se comprometeu a avaliar a proposta dos alunos em relação ao Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE).
Uma das reivindicações grevistas é de que o valor do auxílio PAPFE seja equiparado ao salário mínimo estadual paulista e que todos aqueles que atenderem aos critérios socioeconômicos sejam contemplados pelo auxílio.
Por fim, a reitoria se comprometeu a assinar um Termo de Não Represália ao final da greve.
O que farão os alunos
Os representantes estudantis presentes na reunião se comprometeram a levar as propostas para discussão em assembleias estudantis. Todas as decisões dos estudantes em greve geral são tomadas nessas assembleias, ocorridas no âmbito dos cursos e de todo o campus.
Em publicação no Instagram, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP comemorou o primeiro avanço das negociações, mas reiterou a necessidade de os estudantes seguirem “firmes e mobilizados” até a próxima assembleia, pois “mais vitórias” podem ser conquistadas.
“Precisamos seguir mobilizados e em greve até nossa próxima assembleia, que irá debater as propostas da reitoria e avaliá-las. Seguiremos fortalecendo os piquetes, as ocupações e as manifestações”, disse a organização que representa os estudantes.
Uma nova reunião de negociação entre os estudantes em greve geral e a reitoria da USP foi marcada para a manhã da próxima segunda-feira (9), para negociar mais temas e finalizar a negociação dos já tratados.