Os estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) declararam greve geral em assembleia realizada na noite desta terça-feira (3). O encontro estudantil ocorreu no dia de paralisação unificada em defesa dos serviços públicos paulistas e horas depois de um professor atacar um aluno com faca. A assembleia ocorreu na Praça do Ciclo Básico na Cidade Universitária da Unicamp, em Campinas, com a presença de mais de mil alunos.
A greve geral dos estudantes na universidade surgiu de um acúmulo de paralisações estaduais: da USP, que entrou em greve em 21 de setembro; dos metroviários; dos ferroviários; de funcionários da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp); e de funcionários do Aeroporto de Guarulhos.
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Antecedentes da greve
No dia 28 de setembro, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unicamp, entidade máxima dos discentes, publicou a aprovação da paralisação para o dia 3 de outubro para "unificar as lutas para derrotar Tarcísio [de Freitas]: estudantes e trabalhadores em defesa dos serviços e universidades públicas". Outro elemento-chave no indicativo são as cotas para ingresso de estudantes trans.
Diante do anúncio da decisão de paralisação, um professor foi acusado de atacar um estudante com faca e spray de pimenta, como mostrado em vídeo. O boletim de ocorrência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) registra que "o professor foi qualificado pela autoridade policial como vítima".
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A reitoria deve abrir um processo administrativo contra o professor Rafael de Freitas Leão, docente do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC): "A conduta do docente, para além do inquérito policial instaurado, será averiguada por meio dos procedimentos administrativos adequados e serão tomadas as medidas cabíveis", anunciou.
A greve deflagrada na Unicamp
O mote da greve é "Cotas Trans, PCDs e Paviartes Já! Fora Tarcísio, Fora Tom Zé, Fora Leão! Por permanência, por contratação. Contra o ponto-eletrônico e a terceirização. Por bandejão aos finais de semana e unificar as lutas estaduais!".
O mote é longo por um motivo, segundo Sarah Moura Micoski, estudante de História da Unicamp: " A luta é por muitas pautas diferentes. Diferente da USP, ainda não se consolidou uma única pauta principal que mobilize todos os estudantes, mas ainda assim conseguimos iniciar um movimento unificado".
Ela explica que, mesmo frente a um série de reivindicações diferentes, os estudantes da Unicamp reconheceram os pontos que as unem. "Um dos [pontos] centrais é que nossos inimigos são os mesmos", declara ela, que esclarece, "Isso é porque tanto o reitor Tom Zé quanto o governador Tarcísio são promotores do projeto de precarização do ensino e do serviço público, e por isso precisamos lutar contra eles em unidade para poder conquistar um projeto para a universidade que responda às nossas necessidades".
Antonio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé, tomou posse como reitor da Unicamp em abril de 2021 com os objetivos de aproximar a universidade das demandas e carências da sociedade e promover a valorização de professores e funcionários da universidade.
Por sua vez, Tarcísio de Freitas (Republicanos) é governador do estado de São Paulo desde janeiro de 2023. Em seu programa de governo registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tarcísio não menciona a Unicamp – assim como não cita planos de privatização do Metrô e da CPTM e sequer se refere à Sabesp.
Entre as reivindicações estão:
- Cotas para ingresso de pessoas com deficiência (PCDs) e trans;
- Melhorias nos programas de permanência, alimentação e acessibilidade;
- Exoneração de Rafael Leão;
- Melhorias na infraestrutura da universidade;
- Contratação imediata de professores através de concursos públicos.
A greve de funcionários
A greve estudantil se soma à dos funcionários. Eles paralisaram atividades na segunda-feira (2) contra a implementação do ponto eletrônico na universidade. Além da revogação da medida, os grevistas reivindicam outras questões, como a mudança na data de pagamento dos salários e o auxílio nutrição para aposentados.
No boletim divulgado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), a categoria afirma que o projeto “fere a autonomia universitária e o trabalho qualitativo do funcionalismo público”.