GREVE EM SP

Tarcísio apoiou outra greve no passado, quando foi conveniente

Governador diz que está apenas “estudando a privatização”, mas cronograma de pregões de terceirização e leilões está em andamento

Tarcísio apoiou greve no passado, quando foi conveniente.Créditos: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Escrito en BRASIL el

O governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que hoje faz uma série de ataques à greve conjunta de trabalhadores do Metrô, CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e Sabesp contra sua política de privatizações, já defendeu, no passado, outros movimentos grevistas.

Se nesta terça-feira (3) o governador anuncia que a greve é ilegal, pede sanções mais pesadas na Justiça para os sindicatos envolvidos e tenta jogar a população contra os grevistas; quando era conveniente apoiar uma paralisação, ele não hesitou.

O episódio ocorreu em março de 2022, quando Tarcísio, ainda ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro (PL), recebeu contato de Wanderlei Alves, um dos líderes da greve dos caminhoneiros de 2018. Alves alertava o bolsonarista a respeito de uma nova greve que ocorreria naquele mês.

"Estou vendo caminhoneiros parando de carregar para forçar seus embarcadores e transportadores a repassar para os fretes o custo do aumento de diesel. Acho isso muito correto. No fim do ano passado (2021), no MT, um grupo fez isso e deixou de carregar para as tradings. Conseguiram melhores fretes," respondeu Tarcísio, por áudio, a Alves.

Horas depois, acusado de dar apoio ao movimento na imprensa, Tarcísio emitiu nota oficial no Ministério afirmando que não era um apoiador, mas que manteria diálogo aberto com os caminhoneiros. Também desmentiu o diálogo travado com Alves, que foi amplamente divulgado pelos meios de comunicação.

Dessa vez, a desmentida de Tarcísio aponta que o processo de privatização dos trens e metrôs de São Paulo não está em curso. Ele disse à imprensa que estaria apenas "fazendo estudos" acerca das privatizações. No entanto, nas próximas semanas e meses estão marcados eventos que encaminham a política criticada pela greve.

Na próxima semana, em 10 de outubro, haverá um pregão de terceirização dos serviços de atendimento do Metrô. Uma semana depois (17) está marcado o pregão de terceirização da Linha 15 do Metrô e em 29 de fevereiro o leilão da Linha 7 Rubi da CPTM.

"Ou o governador está confuso ou está mentindo. Se for confusão, está fácil resolver. Se for mentira, é melhor começar a falar a verdade," declarou Camila Lisboa, presidenta do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, nas redes sociais.