GREVE

Em dia de greve contra a privatização, linha privatizada sofre pane elétrico e é paralisada

Sindicatos e trabalhadores apontam que passar metrô e trens para a iniciativa privada irá encarecer passagens e piorar serviço; Entenda o protesto

Linha 9 Esmeralda paralisa após pane elétrica.São Paulo, SPCréditos: Reprodução/Twitter
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A cidade de São Paulo amanheceu mais caótica que o normal nesta terça-feira (3) com a greve dos trabalhadores da Sabesp, do metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Enquanto os sindicatos apontam que o movimento é um protesto contra a privatização dos serviços, o governo do Estado e a imprensa local batem na greve, associando-a à pré-candidatura de Guilherme Boulos (Psol) à Prefeitura nas eleições de 2024.

Mas a realidade é implacável! Em meio a esse caldo, a Linha 9 Esmeralda, que liga a região de Interlagos, na zona sul da capital, a Osasco, cidade da Grande São Paulo, sofreu um pano elétrico e está paralisada. A linha é privatizada e operada pela Via Mobilidade.

De acordo com informações divulgadas na imprensa, as linhas operadas pela referida empresa apresentam até 3 vezes mais falhas que as operadas pela CPTM.

Os problemas na linha começaram perto das 14h e uma composição acabou paralisada entre estações. Imagens nas redes sociais mostram o momento exato em que os vagões apresentam os problemas elétricos, com pequenas explosões, e param em plena Marginal Pinheiros.

Outras imagens divulgadas nas redes mostram os próprios passageiros se ajudando para descer dos vagões. Jovens desceram primeiro e auxiliaram idosos a deixar o trem estacionado. Alguns ônibus do Plano de Apoio entre Empresas de Transporte para Situações de Emergência (Paese) foram acionados para atender os usuários que estavam à bordo.

 

 

Entenda a greve contra a privatização

De acordo com os trabalhadores e os sindicatos que organizam a greve, como o dos Metroviários, a privatização do metrô e da CPTM seria ruim tanto para os servidores como para os usuários. No caso dos usuários, a tendência é de que os serviços fiquem mais caros e piorem sua qualidade após caírem nas mãos da iniciativa privada.

A Agência Brasil ouviu duas pessoas a esse respeito. Raquel Brito, da Unidade Popular em São Paulo, explica que em diversas estações, onde é possível embarcar em trens e metrôs, a categoria tenta explicar a situação aos usuários.

“As empresas públicas são patrimônio. Privatizar é muito ruim, inclusive para os usuários. A empresa privada tem como meta o lucro e isso faz com que o serviço piore e a tarifa aumente. A greve é um instrumento histórico de luta e tudo que se conseguiu de direitos foi por meio dela”, afirmou.

Além dela, também foi ouvida a operadora de máquinas fixas Genilda Matos, moradora da zona norte que diariamente usa três linhas diferentes, de ônibus, metrô e trem, para chegar ao trabalho na Vila Prudente. Ela explica que por sorte seu chefe compreende a situação vivida na jornada que a impediu de chegar no horário.

Quando perguntada sobre a possibilidade de privatizar o metrô, respondeu rápido: “Isso não é bom mesmo”.

PT e Psol entram com ação contra privatização da Sabesp

Como dito, os trabalhadores da Sabesp também paralisaram. Assim como no metrô e na CPTM, eles também protestam contra um decreto do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) que pode facilitar a concessão da estatal.

O decreto de Tarcísio prevê a reorganização dos serviços de água e esgoto em torno dos Uraes (Unidades Regionais de Serviços de Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário). Dessa maneira, a gestão deixaria de ficar a cargo da Sabesp e dos municípios para passar aos conselhos deliberativos das Uraes. O novo modelo facilitaria a privatização da Sabesp com uma espécie de desmunicipalização da gestão das águas que permitiria ao governo formar um grande bloco de cidades abastecidas pela Sabesp e negociar contratos de longo prazo com as empresas interessadas.

Nesse contexto, o PT e o Psol protocolaram na última segunda-feira (2) uma ação para anular o decreto, que apontam ser inconstitucional. De acordo com a ação, Tarcísio estaria usurpando a competência dos municípios em fazer a gestão direta sobre seus interesses imediatos, como o de abastecimento de água e esgoto.