GREVE

Greve na Embraer: trabalhadores aprovam paralisação e exigem mais direitos

Metalúrgicos da fabricante de aviões cruzam os braços; além deles, USP, Metrô, CPTM e outras categorias estão paralisadas

Metalúrgicos da Embraer aprovaram greve na manhã desta terça-feira (3)Créditos: Reprodução/SindMetalSJC
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Os trabalhadores metalúrgicos da fábrica da Embraer, localizados em São José dos Campos, iniciaram uma greve nesta terça-feira (3). Eles querem um ajuste salarial a cima da inflação e melhora dos benefícios.

A paralisação, coordenada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, interrompe completamente a produção na sede da empresa. Hoje também ocorrem greves dos trabalhadores do Metrô, Sabesp e CPTM, que estão protestando contra os planos de privatização do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A proposta da Embraer consistia apenas em um ajuste salarial correspondente à inflação, de 4,06%, e uma diminuição dos benefícios. Os funcionários não aceitaram a proposta.

A notificação sobre a greve na Embraer foi emitida em 26 de setembro, porém, mesmo assim, não houve aprimoramento na oferta da empresa. O último ano em que a empresa firmou um acordo coletivo e implementou um aumento salarial acima da inflação foi em 2017.

A Embraer para a assinatura do acordo quer a redução da estabilidade no emprego para os funcionários que sofram de doenças ou acidentes relacionados ao trabalho. O acordo de 2017 garantia a estabilidade até a aposentadoria, mas a empresa deseja reduzir esse período para 21 meses (em casos de doenças relacionadas ao trabalho) e 60 meses (em casos de acidentes relacionados ao trabalho). Os trabalhadores não aceitam a proposta.

Pressão no governo federal

A Embraer é uma das principais fabricantes de aeronaves do mundo e emprega cerca de 9 mil trabalhadores em São José dos Campos, dos quais 5 mil estão envolvidos na produção.

A recusa da Embraer em assinar o acordo coletivo levou o sindicato a enviar um ofício ao presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, solicitando uma reunião para discutir a necessidade de bloquear o financiamento para empresas que não tenham um acordo coletivo assinado com sindicatos, como é o caso da Embraer. Desde 1997, o BNDES financiou exportações de aeronaves da fabricante de aviões no valor de US$ 25,4 bilhões.

“Já são seis anos que os salários não têm aumento real e direitos renovados. Esta é uma situação lamentável para uma empresa de aviação, que recebe dinheiro público e não respeita os direitos dos seus funcionários. A greve iniciada hoje mostra a total insatisfação dos trabalhadores com a empresa”, afirma o diretor do Sindicato Herbert Claros.

O que é a Embraer?

A Embraer é uma empresa de grande importância para a política e segurança brasileira, considerada uma das maiores fabricantes de aviões militares e civis do mundo, com produção de jatos, aviões de carga e de transporte civil que supera os milhões de dólares anualmente.

Fundada em 1969 como parte do esforço do governo brasileiro para desenvolver a indústria aeronáutica nacional, a Embraer recebeu investimentos substanciais do governo brasileiro, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que desempenhou um papel crucial na obtenção de financiamento para a empresa, garantindo recursos para pesquisa, desenvolvimento e expansão de suas operações.

Desde 1994, ela é privada,  mais ainda segue parcialmente sob controle do estado do estado brasileiro. Durante os governos Temer e Bolsonaro, foi tentado vendê-la para a Boeing, mas a negociação não deu certo e o negócio foi cancelado.

A Embraer é responsável direta por 5% de todo o esforço tecnológico do Brasil, sendo a única brasileira em um setor de alta intensidade tecnológica a figurar no ranking das líderes mundiais em Pesquisa & Desenvolvimento (R&D Scoreboard) desde sua primeira edição.