CRISE

Brasil de Bolsonaro: trabalhadores são demitidos por Telegrama pela Caoa Chery

Fechamento da unidade se soma à crise com desindustrialização, especialmente no setor automotivo que começou com o fim das atividades da Ford, em São Bernardo do Campo (ABC)

Trabalhadores protestam contra a enxurrada de demissõesCréditos: Divulgação Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região
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Trabalhadores da montadora Caoa Chery foram surpreendidos com uma enxurrada de demissões desde a última segunda-feira (25).  Mais de 440 funcionários da fábrica de Jacareí (80 km de SP), estão sendo desligados por meio de de telegramas. 

O Sindicato dos Trabalhadores de São José dos Campos e Região diz já ter contabilizado 580 telegramas. O fechamento da unidade de Jacareí, a primeira da Chery fora da China, foi anunciado no início de maio.

Mesmo com as demissões anunciadas no início de maio, o sindicato que representa a categoria tentava negociar alternativas com a montadora, o que não prosperou. E a fábrica encerrou as atividades da unidade para iniciar a produção de carros elétricos. 

Os trabalhadores  metalúrgicos pediam que a montadora  aceitasse o lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) que havia sido aprovado em assembleia e  em reunião de negociação com a fábrica. 

A empresa recusou o pedido afirmando que o processo de restruturação do estabelecimento e do maquinário da fábrica deve levar mais de dois anos para ser concluído.

Nas audiências mediadas pelo MPT (Ministério Público do Trabalho), entre representantes do sindicato e da empresa,  o órgão chegou a propor à Caoa Chery o pagamento de até 20 salários como indenização individual para reduzir o impacto social provocado pelas demissões.

A promotora que mediou a negociação também havia sugerido a manutenção dos planos de saúde e odontológico, e do vale-refeição por período não inferior a 18 meses (um ano e meio), além do compromisso de que, ao reabrir a unidade, a empresa priorize a contratação dos trabalhadores desligados.

No entanto, a Caoa Chery declinou dos pedidos e  manteve a proposta inicial de indenização de até 15 salários para empregados com mais de cinco anos de registro, além das verbas rescisórias pelo encerramento dos contratos. 

O sindicato informou que vai protocolar nesta quarta-feira (26) uma ação civil pública na Justiça do Trabalho em Jacareí, pedindo o cancelamento das demissões arbitrárias. Também na manhã desta quinta, um grupo formado por cerca de 200 metalúrgicos de Jacareí e Caçapava se reuniu no Masp, região central da capital paulista, para protestar contra as demissões.

O presidente do sindicato, Weller Gonçalves considera o envio dos telegramas como algo inaceitável. Em um comunicado, ele disse que cobrará medidas do poder público para impedir as demissões. "Os trabalhadores já demonstraram, em todas as manifestações, que estão dispostos a lutar até o fim para a preservação de seus empregos". Ele ainda afirmou que a entidade tomará as medidas cabíveis contra essas demissões.

O fechamento da unidade da Caoa Chery  se soma à crise de desindustrialização, especialmente no setor automotivo, começando com o fim das atividades da Ford, em São Bernardo do Campo (ABC), em 2019.