CASO MARIELLE FRANCO

Ronnie Lessa tratava delegado preso por corrupção como “meu comandante”

A denúncia do MP-RJ cita a "promiscuidade com que o delegado Marcos Cipriano se relaciona com criminosos, especialmente com Ronnie Lessa"

Ronnie Lessa e Mrcos Cipriano.Créditos: Montagem/Reprodução
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O PM reformado Ronnie Lessa, réu pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018, tratava o delegado da Polícia Civil Marcos Cipriano como “meu comandante”. A intimidade foi registrada por trocas de mensagens captadas pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio) entre agosto e outubro de 2018.

Os dois foram alvo nesta terça-feira (10), da Operação Calígula, que investiga a rede de jogos de azar comandada pelo contraventor Rogério de Andrade.

O delegado Marcos Cipriano intermediou, em 2018, de acordo com o MP, encontro entre Ronnie Lessa, Adriana Belém —então delegada de polícia titular da 16ª DP (Barra da Tijuca) — e o inspetor de Polícia Jorge Luiz Camillo Alves, braço direito de Adriana.

O encontro teve como resultado um acordo que viabilizou a retirada de quase 80 máquinas caça-níquel apreendidas em um bingo, tendo o pagamento da propina providenciado por Rogério de Andrade. Os promotores encontraram provas de que Lessa enviou caminhões à delegacia e retirou as máquinas.

Amigo de infância

No ano passado, Cipriano afirmou que Lessa é um amigo de infância e nega que à época tivesse conhecimento da suspeita de envolvimento do PM reformado na morte de Marielle.

A denúncia do MP-RJ cita a "promiscuidade com que Cipriano se relaciona com criminosos, especialmente com Ronnie Lessa".

De acordo com promotores, isso "causa especial repugnância, deixando clara a ausência de escrúpulos e freios inibitórios neste agente público, que em liberdade certamente voltará a delinquir''.

O MP-RJ diz ainda que o delegado, "rompendo integralmente o juramento realizado quando da assunção de seu relevante cargo público, dolosamente se aliou à Organização Criminal de Rogério de Andrade, a partir de seus contatos com Ronnie Lessa, e se apresentou como integrante fundamental desta malta, agindo junto à Polícia Civil para atender aos interesses espúrios de seus comparsas".

"Neste sentido, a título de exemplo, relembramos que Cipriano agiu para viabilizar a liberação do espaço interditado na Avenida do Pepê, 52, Barra da Tijuca, bem como para liberação das máquinas apreendidas na 16ª DP, demonstrando interesse direto na retomada breve das atividades desta casa de apostas, que certamente lhe trazia relevantes ganhos econômicos", completam os promotores.

O MP diz que os diálogos entre Cipriano e Lessa prosseguem até 24 de outubro de 2018 uma semana após denúncia anônima recebida pela Delegacia de Homicídios da Capital sobre o envolvimento de Lessa nas mortes de Marielle e Anderson.

Com informações do UOL