A advogada e assessora parlamentar Amanda Laredo, que teve uma corrida de Uber recusada por um motorista em Belém (PA) por estar vestindo uma camiseta vermelha, relatou à Fórum que, após a repercussão do caso, passou a ser alvo de mensagens de ódio e ameaças indiretas feitas por bolsonaristas nas redes sociais.
O episódio aconteceu no último sábado (7). Segundo Amanda, o motorista passou direto pelo local combinado de embarque. Ela, então, mandou mensagem o cobrando, ao que ele respondeu: "Não levo petista". Prints da conversa foram postado pela advogada em seu perfil no Twitter.
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No própria postagem de Amanda sobre o caso, é possível constatar inúmeros apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) defendendo a atitude do motorista. Na publicação, a advogada ironizou, dizendo que o condutor da Uber "deve preferir ir colocar gasolina a 8 reais a me levar em casa". Bolsonaristas, então, passaram a dizer que fariam o mesmo e tentaram, sem sucesso, explicar que a alta do preço dos combustíveis "não é culpa" do presidente.
Mas não parou por aí. Em conversa com a Fórum, Amanda relatou que tem recebido mensagens de ódio com teores diversos. "Têm mensagens típicas de bolsonaristas, mensagens de pessoas dizendo que eu 'quero aparecer' ou então que estou mentindo sobre o que aconteceu. Páginas expuseram minha imagem sem minha autorização", diz a advogada.
Ela conta, ainda, que recebeu mensagens atrelando sua imagem a de "ladra" e que chegou a ser ameaçada, de forma indireta, através de comentários nas redes. "Deixei os perfis fechados e não aceitei as solicitações", detalha.
Insegurança
Amanda Laredo relatou ainda à reportagem que está se sentindo "bastante insegura pela proporção gigantesca que a situação tomou e pela superexposição", além de estar receosa "pelo o que poderia ter acontecido se eu tivesse entrado no carro, já que eu faria a viagem sozinha". "Uma sensação constante de que vai acontecer algo mais grave", pontua.
Para a advogada, o ocorrido é "apenas uma pequena prova do que iremos enfrentar nos próximos meses", se referindo ao período eleitoral e o clima de ódio que se acentua.
"Não serão meses fáceis, principalmente para nós, mulheres. O ódio, especialmente na internet, é um sentimento muito fácil de difundir", sentencia.
O que diz a Uber
Amanda prestou queixa à empresa Uber, que respondeu afirmando que "tomará as medidas necessárias para que isso não volte a acontecer".
Em nota, a companhia informou que os motoristas parceiros têm direito a ter a própria posição política, mas "não tolera que uma pessoa não seja atendida em razão do credo, raça, nacionalidade, religião, necessidade especial, orientação sexual, identidade de gênero, estado civil, idade ou inclinação política" e que isso configura violação dos termos de uso e ao código de conduta do aplicativo".
A empresa não esclareceu, entretanto, se o motorista em questão receberá algum tipo de penalidade.