A dieta vegana traz menos risco à saúde em relação ao desenvolvimento de transtornos alimentares. Enquanto a ocorrência em veganos é de 0,6%, a população brasileira em geral apresenta uma taxa de 6,5%. É o que revela estudo da Universidade de São aulo (USP), publicado na revista JAMA Network Open.
Para a pesquisa, realizada pela Faculdade de Medicina (FMUSP) e pela Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, foram entrevistados quase mil adultos que seguiam a dieta vegana por pelo menos seis meses.
Te podría interesar
O resultado mostra que a ocorrência de “comportamento alimentar disfuncional” ou "comer transtornado” é praticamente dez vezes menor em veganos do que em pessoas que comem carne.
“Os resultados do estudo tiram esse peso da alimentação vegana, pois indicam que a presença de comportamentos alimentares disfuncionais está mais associada aos motivos que levaram à adoção de uma determinada dieta do que ao tipo de dieta em si”, explica Hamilton Roschel, coordenador da pesquisa, ao Jornal da USP.
Te podría interesar
O objetivo da pesquisa era identificar a prevalência de ‘comer transtornado’ e os determinantes das escolhas alimentares, e investigar possíveis associações entre eles em pessoas que seguem uma dieta vegana.
O professor também relata que entende-se como “comer transtornado” comportamentos, pensamentos e sentimentos disfuncionais em relação à alimentação e ao corpo que estão relacionados à vontade de controlar o peso ou forma corporal.
Essas atitudes estão muito presentes em pessoas que seguem dietas rígidas para emagrecer, e acabam causando transtornos alimentares, como anorexia, bulimia e compulsão alimentar.
"A maioria dos participantes relatou comer o que come por motivos relacionados a necessidade e fome (‘tenho fome’), preferência (‘porque gosto’), saúde (‘para manter uma alimentação balanceada’), hábitos (‘normalmente como isso’) e questões naturais (‘é orgânico’)”, relata Roschel. “A minoria relatou que suas escolhas alimentares são determinadas por motivos relacionados a controle de emoções (‘estou triste, frustrado’), normas sociais (‘seria grosseria não comer’) e imagem social (‘os outros gostam’)".
Veganismo e alimentação saudável
Mais de 60% dos participantes relataram preocupação com a “ética e direitos dos animais” como motivação para aderir a uma dieta vegana, enquanto 10% mencionaram “razões de saúde”. Na visão de Roschel, isso ajuda a explicar o baixo índice de transtornos alimentares no grupo vegano.
“Entender as motivações para a adoção de uma dieta, bem como os motivos para as escolhas alimentares dos pacientes, nos ajuda a elaborar programas de atendimento nutricional mais focados e eficientes”.
O pesquisador ressalta a importância de mais pesquisas na área, levando em consideração os aspectos qualitativos.