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Tragédia pandêmica de Bolsonaro é tema da série "Industry" da HBO

Produção acompanha o dia a dia de jovens trainees em uma agência de investimentos

Tragédia pandêmica de Bolsonaro é tema da série "Industry" da HBO.Créditos: Reprodução/ redes sociais
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Em exibição na HBO, a série “Industry”, quando de sua estreia, em novembro de 2020, foi chamada de “Skins do mundo financeiro”, isso por que a trama acompanha o dia a dia de alguns trainees do banco Pierpont & Co, uma corretora que cuida de investimentos do 1% mais rico do Reino Unido. 

O paralelo com “Skins” faz algum sentido, pois, a série inglesa, que foi exibida entre os anos 2007 e 2014 no Channel 4, mostrava de forma visceral o cotidiano de jovens hedonistas e usuários de substâncias que alteram o chamado estado de normalidade. Porém, o paralelo termina aí... Sim, os protagonistas de Industry fazem uso de substâncias ilícitas, mas estão mais niilistas e com um objetivo em comum:  a busca por dinheiro. 

Na primeira temporada acompanhamos a brilhante Harper (Myha'la Herrold), Robert (Harry Lawley), a herdeira Yasmin (Marisa Abela), o chefe implacável Eric (Ken Leung) e o ambicioso Rishi (Sagar Radia). Esse é o núcleo central da trama, as outras histórias orbitam em torno deles.

Outro paralelo que também é feito com Industry é que se trata de uma versão adolescente de “O lobo de Wall Street” (2014), essa comparação é perfeitamente cabível, pois, na primeira leva de episódios somos tragados por números e ações que sobem e descem e jovens corretores que constantemente vão ao trabalho de ressaca. Mas, para além do desbunde vivido pelos personagens, a série é uma profunda reflexão sobre a desumanidade do meio em que se passa. 

Sucesso de crítica, a série da HBO teve que esperar dois anos para apresentar a saga dos jovens trabalhadores do mundo financeiro, isso por causa do advento da pandemia que impôs uma pausa obrigatória nas gravações. E é justamente em sua retomada que a série escrita por Konrad Kay e Mickey Down mostra a sua grandeza. 

Pandemia e um mundo de oportunidades 
 

Havia muita expectativa em torno da segunda temporada de Industry após uma estreia frenética. Porém, a espera valeu a pena. Os autores souberam introduzir de maneira magistral o assunto da pandemia e mostraram que estão atentos às barbáries ocorridas nos EUA e no Brasil. 

Logo nos primeiros episódios da segunda temporada, que está em exibição, os roteiristas querem mostrar como todos foram afetados psicologicamente com a pandemia e pelo tempo que tiveram de passar isolados em casa. 

Com o fim das políticas de segurança sanitária, o banco Pierpont & Co retoma o trabalho presencial e serão duas questões que vão nortear a trama na nova leva de episódios: os efeitos psíquicos na pandemia e como capitalistas buscam ganhar dinheiro com a... pandemia. 

Neste ponto é interessante que os roteiristas tenham colocado em evidência como investidores buscam agentes para fomentarem necessidades e fazer com que o NHS, o sistema de Saúde pública da Inglaterra, e o Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil sejam pressionados para realizarem parcerias econômicas a partir de seus respectivos governos e contratos com agentes estrangeiros. 

Em determinado momento, quando corretores querem convencer endinheirados a investirem em planos de saúde e também em ações relacionadas às empresas que produzem materiais hospitalares e vacinas, EUA e Brasil são apontados como os principais destinos por causa da tragédia pandêmica. 

Quando uma das personagens oferece o mercado brasileiro para o cliente, este fica espantado e corretora lhe responde: “Acredite se quiser, o presidente de lá conseguiu ser pior do que Trump na condução da pandemia”. Os presentes, em choque ficam. 
 “Industry” é uma série que revela como funciona as engrenagens de um sistema financeiro que vive às custas de crises sanitárias e guerras. 

A série está disponível na HBO Max. 


 

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