Jornalista que atua em Brasília desde 1995, tem experiência em redação, em comunicação corporativa e comunicação pública, em assessoria de imprensa, em produção de conteúdo, campanha política e em coordenação de equipes. Atuou, entre outros locais, no Governo Federal, na Presidência da República e no Ministério da Justiça; no Governo do Distrito Federal, na Secretaria de Comunicação e na Secretaria de Segurança Pública; e no Congresso Nacional, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados e na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO).
Descobri o rock chinês e estou adorando
Música é um dos aspectos que mais me fascinam em uma cultura que estou desbravando, na China não seria diferente
Aos sábados eu curto a minha folga. Pela manhã, fui ao salão de beleza para um 'Barbie Day' e conheci um serviço de manicure e pedicure em Beijing. Enquanto fazia pé e mão, passava na tevê uma espécie de 'The Voice' chinês que me despertou a curiosidade sobre a música contemporânea da China.
Depois de passar no mercado e almoçar, comecei a pesquisar o que o público chinês gosta de escutar. Uma amiga do Brasil, Cynara Menezes - editora do Socialista Morena e apresentadora do Brocou na Internet e do Programão da Fórum - já havia me indicado a cantora Lily Chao, com o primeiro álbum de 1968 e cujo repertório é de músicas folclóricas. Gostei bastante.
Pesquisei sobre música pop, que não é bem meu gênero preferido, mas que acho que mostra bastante da atualidade da cultura do país. Tem de tudo: boy bands e girls bands, muita música romântica, rap. Me despertou a curiosidade ainda mais e fui buscar se havia rock and roll na China.
Eis que descobri Cui Jian e fiquei fascinada. Passei o resto do final de semana buscando informações sobre ele e a música underground chinesa. A pesquisa ainda está em curso, mas compartilho com vocês alguns fatos curiosos que consegui apurar.
Cui é um cantor, compositor, trompetista e guitarrista nascido em Beijing em 1961. É considerado "O Pai do Rock Chinês". Ele abandonou a carreira como trompetista na Orquestra Sinfônica de Pequim para se dedicar ao rock, inspirado por nomes como Simon e Garfunkel, John Denver, The Beatles, The Rolling Stones e Talking Heads.
O início da carreira como roqueiro foi em bandas, como a Qi He Ban. Em 1985 ele deu início à trajetória solo e se transformou no músico mais bem-sucedido e influente da história do rock chinês. Em 1989 Cui lança o primeiro álbum de rock real da China, que hoje é considerado um clássico do gênero no país: 'Rock and Roll on the New Long March'.
Ele abriu as portas para outras bandas de rock que surgiram a partir de 1989, como a Black Panther Band e Tang Dynasty, que também vale muito a pena ouvir. Você pode conhecer o rock chinês no Spotify e no YouTube. Coloquei o link para uma playlist que estou fazendo com músicas chinesas no final desse texto.
Nessa pesquisa, me chamou a atenção a existência de um gênero musical que é marcado pelo forte espírito crítico que questiona valores dominantes. O rock clássico nasceu para enfrentar a cultura industrial capitalista moderna. Atualmente, no ocidente, esse traço rebelde foi incorporado pelo mainstream.
Aqui na China, uma civilização que iniciou há sete décadas a longa marcha para construir um socialismo com características chinesas, o gênero preserva a cultura industrial antimoderna. Temas culturais são muito comuns e várias canções retratam a imagem urbana turva em processo de modernização e questionam a chamada "civilização".
Então, sugiro que você reserve um tempinho para conhecer mais essa contradição da China moderna e que tem um som muito legal. Aumenta o volume, porque é rock and roll.
PS.: Estou fazendo uma playlist de músicas chinesas no meu Spotify que tem vários estilos. Deixo aqui para quem quiser conferir.
Comunicar erro
Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar