Sete dias depois do resultado da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno das Eleições 2022 para presidente do Brasil, a comunidade brasileira na China segue na esperança pela vitória do petista no segundo turno, no dia 30 de outubro.
Eu faço parte de alguns grupos de compatriotas progressistas que moram aqui na terra de Mao Zedong e apoiam Lula. Tem circulado um vídeo cheio de esperança e boas vibrações com imagens de Pequim, onde estou, e especialmente da megacidade Xangai, que compartilhei no meu canal do YouTube e disponibilizo ao final deste texto.
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O registro da festa brasileira no centro financeiro chinês é muito simbólico. Isso porque em 2018 a cidade deu mais votos ao atual presidente e não ao então candidato do campo progressista, Fernando Haddad (PT).
Aqui do outro lado do mundo, do mesmo modo que tem ocorrido no Brasil, há muita polarização entre bolsonaristas e lulistas. A franca vantagem é para o campo progressista que apoia Lula, o que pode ser constatado no que disseram as urnas.
Também acompanho um grupo de brasileiros sem conotação política. Chamou a minha atenção a proibição de postagem de conteúdo de cunho político, sob a justificativa de não criar atritos. Então, não pude observar a atuação dos eleitores do atual presidente.
Todavia, tenho relatos de brasileiros próximos de que as táticas usadas por essas pessoas nas plataformas de mensagens são muito semelhantes ao que está ocorrendo no nosso país. Há uma verdadeira 'guerra santa' em curso, com os apoiadores do atual ocupante do Planalto distribuindo mentiras, vídeos manipulados e acusações infundadas e sem sentido contra Lula. O material usado na China é o mesmo do Brasil.
Essa 'jihad tropical' deixa os estrangeiros, inclusive os hermanos latinos, que são mais próximos geográfica e culturalmente do Brasil, atônitos e cheios de dúvidas. Afinal, como é possível que um país cuja Constituição Federal estabelece um Estado laico, onde a fome atinge 32 milhões de pessoas - fenômeno cinicamente negado pelo chefe do Executivo - a caristia e a inflação atinjam os níveis mais altos da história recente, o salário mínimo esteja em derretimento há quatro anos, os múltiplos casos de corrupção do atual desgoverno, entre tantas outras coisas, e ainda assim as pautas moral e religiosa ainda deem o tom do debate político? Eu, sinceramente, não sei responder.
Outro ponto que deflagra debates entre os progressistas brasileiros na China diz respeito às inconsistências das pesquisas eleitorais durante o primeiro turno. Longe da bizarrice de querer criminalizar esses institutos, a sensação comum é a de que o Brasil não entende mais o próprio povo. Assim como o alto índice de abstenção nas urnas, sobretudo entre os possíveis eleitores de Lula, como apontaram analistas brasileiros. Há uma genuína vontade de compreender o que está ocorrendo no nosso país.
A despeito de todas os questionamentos suscitados com o resultados das urnas no dia 2 de outubro, uma coisa é certa: a esperança de um Brasil melhor é o que tem movido os progressistas brasileiros na China. Há muito empenho para mobilizar os eleitores brasileiros que deixaram de votar e aumentar a vantagem de Lula rumo à vitória do segundo turno.
Que o clima de luta e esperança aqui do outro lado do mundo contribua para que nossos compatriotas não esmoreçam na batalha, que só termina quando acaba. Vamos para cima que o Brasil merece ser feliz de novo!
Até amanhã!