No próximo domingo (2) serão realizadas as eleições mais importantes da minha vida. Para fazer um esquenta para esse dia histórico, participei, nesta quinta-feira (29), de um encontro cheio de alegria e esperança com brasileiros que apoiam Luiz Inácio Lula da Silva e estão em Beijing.
A reunião em um bar na capital chinesa foi organizada pelo querido Renato Peneluppi, um advogado que mora há 12 anos em Wuhan, capital de Hebei, centro da China, representa o Partido dos Trabalhadores (PT) aqui na terra de Mao Zedong e mobiliza a comunidade brasileira lulista.
O povo brasileiro vai escolher entre a democracia e o fascismo, a civilização e a barbárie, a morte e a vida. Embora haja outros concorrentes, a disputa se dará entre Lula e o inominável que nos desgoverna há três anos e meio. Que seja o fim deste pesadelo que o Brasil vivencia há seis anos e meio, desde o golpe misógino que arrancou uma presidenta honesta, Dilma Rousseff, do poder em 2015.
Como estou na China até novembro, eu não terei a felicidade de apertar 13 nas urnas mais uma vez, como faço desde 1993, no meu primeiro voto, em todas as eleições nas quais Lula concorreu.
Eu recebi o convite para ingressar no programa do qual participo quando o prazo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cadastramento de voto em trânsito no exterior já havia encerrado. Desta vez eu terei que justificar a minha abstenção.
Aqui na China, há muito interesse sobre o processo eleitoral brasileiro. Os chineses são discretos e não manifestam predileção nem por um candidato nem por outro. Quando o fazem, em apoio a Lula, isso ocorre de maneira reservada. Mas basta um pouco de sensibilidade e atenção às notícias desastrosas que chegam por aqui sobre as presepadas sinofóbicas do atual desgoverno para ter um palpite.
Nosso atual governo de extrema direita é totalmente alinhado às teorias conspiratórias anti-China. O filho do atual presidente, deputado federal Eduardo Bolsonaro, mais conhecido como 'zero três' ou 'bananinha', em mais de uma oportunidade disseminou mentiras sobre a China durante a pandemia da Covid-19.
Houve, inclusive, resposta pública do então embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, que deixou o cargo depois de três anos em fevereiro deste ano. O posto continua vago no Brasil. Até hoje a embaixada tem sido comandada interinamente pelo diplomata Jin Hongjun.
Boa parte dos meus colegas latinos que participam comigo do programa não escondem a torcida por Lula: Venezuela, Cuba, Nicarágua, Chile… Mas os hermanos argentinos são os mais entusiasmados.
Até o embaixador argentino na China, Gustavo Sabino Vaca Narvaja, que gentilmente recebeu o meu grupo de jornalistas latinos para um almoço na quarta-feira (28), pousou para foto comigo fazendo o L.
Narvaja, que tem uma história de vida forjada na luta popular, sabe o quanto é importante tanto para o Brasil quanto para a América Latina dar fim ao pesadelo de um fascista no comando do maior país da região. Há muito em jogo para a construção de um mundo multipolar que precisa de Lula.
Os brasileiros e brasileiras que moram na China e pediram a transferência do título de eleitor podem votar em seis colégios eleitorais. Na Embaixada do Brasil na China, que fica ao lado de onde moro, nos consulados em Cantão, Hong Kong, Xangai e Chengdu, e no escritório de representação em Taipei.
Em conversas com os colegas que moram aqui na China, a avaliação que me fizeram é que o eleitorado brasileiro aqui não apoia Lula. É o que dá para ver no resultado das Eleições de 2018, o atual presidente ganhou em quatro dos cinco colégios eleitorais do Brasil na China. Apenas em Beijing o Fernando Haddad venceu.
Os lulistas que moram aqui na China e monitoram grupos bolsonaristas me contaram que a tendência é que o inquilino do Planalto vença mais uma vez este ano.
A princípio acho totalmente incoerente um migrante votar em um candidato da extrema direita morando em um país socialista. Mas basta refletir sobre o perfil dessas pessoas que deixam o país natal para tentar a vida no exterior para entender que a classe média brasileira não tem consciência de classe e arvora a panaceia da meritocracia.
No fundo, esses eleitores daquele-que-não-deve-ser-nomeado sabem que ele é a pior alternativa para o Brasil. Não à toa, vivem fora do país. Quem vivenciou esses três anos e meio de pesadelo sabe que nossa nação não aguenta mais quatro anos de maldade, incompetência e violência política. Chega!
No domingo, cara leitora, caro leitor, por favor, vote 13. Vamos colocar um ponto final nesse tempo de treva e horror. Por um Brasil feliz de novo.
Até domingo!