DIÁRIO DA CHINA

O dia depois da vitória de Lula no primeiro turno

Passada a ressaca eleitoral é hora de se reorganizar e seguir na luta contra o fascismo; aqui na China, a vitória de Lula em uma cidade como Xangai é um farol de esperança

Créditos: Acervo pessoal - enato Peneluppi, Rafael Zambretto, Kenyiti Shindo, Paulo Albuquerque e Adriana Terra na Embaixada do Brasil em Beijing
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Estar longe do Brasil durante as eleições mais difíceis e mais importantes da minha geração não tem sido fácil. O que me consola foi ter encontrado a minha turma lulista e, na medida das minhas limitações, contribuir com a mobilização da comunidade brasileira.

Mesmo que seja um local com uma comunidade brasileira pequena que resultam em poucos votos, a vitória de Lula no primeiro turno na China é simbólica. Ela manda um recado poderoso para os eleitores no Brasil: a luta é diária e não tem espaço para esmorecer. Vamos para cima que temos espaço para fazer o nosso país feliz de novo.

Em 2018, Jair Bolsonaro teve uma vitória avassaladora aqui. Este ano foi diferente e isso é resultado de organização, trabalho e compromisso de pessoas como Renato Peneluppi, Rafael Zambretto e Kenyiti Shindo, que atuaram como delegados do Partido dos Trabalhadores (PT) no pleito de domingo (2) na Embaixada do Brasil da China em Beijing. 

Em Xangai, centro financeiro da China, a atuação de pessoas como Rodrigo do Val, Deley Duarte, Geraldo Pizzato e Andréa Pizzato viraram o jogo. Se em 2018 o bolsonarismo saiu vitorioso, esse ano foi diferente e quem ganhou a disputa eleitoral foi o petista. 

Acervo pessoal - odrigo do Val, Deley Duarte, Geraldo Pizzato e Andréa Pizzato

Ao longo de quatro anos esses brasileiros progressistas e apaixonados pelo Brasil - mesmo do outro lado do mundo - construíram a base para essa vitória em solo chinês. Desde a vitória bolsonarista em 2018 eles arregaçaram as mangas e atuaram dia após dia. Eles nos ensinam muito sobre que não é hora de abaixar a cabeça, pelo contrário. É hora de seguir a luta.

Outro exemplo de que a luta por um país melhor e mais justo exige sacrifícios é a do casal Paulo Albuquerque e Adriana Terra. Eles encararam uma viagem de Nanjing, capital da província de Jiangsu, no leste da China, até Beijing. Foram nove horas em um trem para votar e fazer num bate-e-volta. Tudo para exercer o dever cívico do voto e apertar na urna a esperança do Brasil melhor.

"Eu não consigo entender como alguém consegue acreditar em Bolsonaro. O que a gente viu no último debate transmitido pela TV Globo foi uma vergonha sem precedentes. Você pega um sujeito que sequer é padre - um padre de festa junina - para ser um 'laranja' de Bolsonaro. Uma vergonha. Se eu fosse o Bolsonaro eu teria vergonha de estar ligado a uma coisa deplorável como essa."
Paulo Albuquerque

Lá na Austrália, outro reduto bolsonarista em 2018, o jogo também virou em prol de Lula. Logo cedo me enchi de otimismo com notícias de Melbourne, onde quatro amigas votaram 13 com alegria e esperança.

Também na Austrália, sob a liderança do representante do PT na cidade, Rodrigo Canale, que mobilizou a comunidade brasileira lulista em Brisbane, capital de Queensland, houve uma Onda Lula. 

Rodrigo Canale e eleitores lulistas em Brisbane, na Austrália

Eu conversei por mensagem com Canale, que compartilhou comigo as impressões dele no dia da votação. 

"Foi recorde de votação aqui, pelo menos no estado em que eu moro aqui na Austrália. As pessoas vieram determinadas a mudar esse governo maldito que está no Brasil. Muitos jovens, pessoas de meia idade. Eu vi idosos vindo, pessoas que viajaram horas para votar no Lula. É uma resposta do que foi o governo do Jair Bolsonaro: crise da Covid-19, crise de corrupção, destrato com as mulheres, desrespeito com os indígenas, a relação com a Floresta Amazônica… As pessoas vieram querendo mudanças mesmo."
Rodrigo Canale

Canale me contou também que havia muitas pessoas simpatizantes que nunca haviam votado no PT mas que estavam com a toalha e camiseta do Lula e do PT. Ele descreveu que foi um momento emocionante, de união, alegria e celebração. 

Por outro lado, os grupos bolsonaristas passaram o tempo todo fazendo o que sabem: provocando. Em vão, pois os apoiadores de Lula se uniram com amor e esperança e ignoraram a tática da violência. 

Sei que nós queríamos a vitória de Lula no primeiro turno, que gostaríamos de um Senado menos bolsonarista e que o campo progressista tivesse avançado na Câmara. Mas é essa a nossa realidade e é nela que fazemos a nossa luta. 

Somos vencedores sim. Desde 2013 a elite, a mídia comercial e o senso comum tentaram destruir o Partido dos Trabalhadores. Não conseguiram e estamos aqui para provar. Luto é verbo e vamos vencer!

Até amanhã!

 

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