Nesta sexta-feira (12), dois dos tweets mais compartilhados por bolsonaristas segundo o DataFórum contêm desinformação sobre economia e a postura antidemocrática de Jair Bolsonaro (PL).
Um vídeo muito compartilhado pelos bolsonaristas mostra a jornalista da Jovem Pan e defensora do presidente, Carla Cecato, citando o tema "dívida pública". Chama a atenção também a tática para divulgação do vídeo, com a chamada "Olha a revelação que a jornalista Carla Cecato faz sobre o presidente @jairbolsonaro" e emojis de surpresa.
Na verdade, houve grande redução do endividamento público sob Lula e Dilma Rousseff. Segundo artigo do ex-ministro da Fazenda de Dilma, Nelson Barbosa, para o Blog do IBRE da Fundação Getúlio Vargas (FGV), "a mudança do cenário internacional, os efeitos da operação Lava Jato, as pautas bomba ampliaram o impacto recessivo da correção fiscal iniciada em 2015."
O resultado foi um aumento substancial do endividamento público, sobretudo, em 2016, o ano do golpe.
Perguntas sobre Bolsonaro
Outro dos tweets mais compartilhados pelos bolsonaristas cita uma série de ações autoritárias e pergunta se Bolsonaro teria tomado alguma dessas medidas. Na publicação, a resposta é sempre não, tentando descolar a imagem de golpista do presidente.
Na verdade, um estudo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) mostra que Bolsonaro e seus filhos fizeram 801 ataques à imprensa desde 2021. Além disso, Bolsonaro promoveu discurso de ódio que resultou em mais de um assassinato por motivações políticas, como nos casos de Marcelo Arruda, Marielle Franco e Moa do Katendê.
Bolsonaro instaurou um clima de guerra com o Poder Judiciário que resultou, recentemente, na reedição da Carta aos Brasileiros e Brasileiras em Defesa do Estado Democrático de Direito com mais de 1 milhão de assinaturas.
Fake news miram Lula
Um vídeo que circula no Twitter tem uma adulteração grosseira de uma fala de Lula sobre a regulação da mídia. A frase de Lula, que pode ser ouvida no vídeo postado pela própria conta bolsonarista, é "que nós vamos regulamentar os meios de comunicação" e, na legenda, a palavra "regulamentar" foi substituída por "censurar".
Presidente também mente sobre o PT
Bolsonaro disse, na live desta quinta-feira (11), que o PT não assinou a Constituição de 1988. A fala estava no contexto das críticas aos manifestos pela democracia, lidos em todo o país. O presidente mostrava um exemplar da Constituição e perguntava se havia melhor carta pela democracia do que ela e, na sequência, mentiu que o PT não assinou o texto.
A informação é falsa porque os deputados constituintes do PT assinaram a Constituição. Ocorre que o próprio Lula, líder do partido na assembleia, foi crítico ao texto e orientou a bancada do partido a votar contra, mas a assiná-la.
Frase de Lula na época:
"Ainda não foi desta vez que a classe trabalhadora pôde ter uma Constituição efetivamente voltada para os seus interesses. Ainda não foi desta vez que a sociedade brasileira, a maioria dos marginalizados, vai ter uma Constituição em seu benefício. É por isto que o Partido dos Trabalhadores vota contra o texto e, amanhã, por decisão do nosso diretório - decisão majoritária - o Partido dos Trabalhadores assinará a Constituição, porque entende que é o cumprimento formal da sua participação nesta Constituinte".