O general Augusto Heleno prestou depoimento na manhã desta terça-feira (10) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), na ação em que é réu por tentativa de golpe de Estado.
Se, durante a sua fala, Heleno chamou a atenção por causa de alguns atos falhos e levou até bronca de seu advogado, posteriormente, no depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), se tornou assunto novamente.
Te podría interesar
Durante o depoimento de Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno foi flagrado pelos fotógrafos presentes tirando uma baita soneca enquanto o ex-presidente falava.
A reação de Augusto Heleno é, no mínimo, estranha e revela um total desinteresse com o desdobramento do julgamento e com a fala de Bolsonaro, que o elogiou e revelou "amá-lo".
Te podría interesar
O ato falho de Heleno que pode complicar a vida de Bolsonaro e dos golpistas
O general de reserva Augusto Heleno prestou depoimento na manhã desta terça-feira (10) como réu da ação penal da tentativa de golpe de Estado. Heleno usou do direito ao silêncio e apenas respondeu às perguntas de seu advogado, Matheus Milanez.
Durante o interrogatório combinado com o seu advogado, Augusto Heleno cometeu um ato falho que pode complicar a vida do ex-presidente Jair Bolsonaro e de todos os outros réus acusados de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Ao responder a uma espécie de pinga-fogo, quando apenas se responde "sim" ou "não" para perguntas realizadas pelo interlocutor, Augusto Heleno não se aguentou e deu a entender que "não havia clima" para orientar instituições a produzirem relatórios com informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro.
Advogado: "O senhor coordenou ou orientou a ABIN...?"
Heleno: "Não havia clima..."
Advogado interrompe o ato falho: "Responda só sim ou não."
Heleno: "Porra... desculpa."
Moraes volta a ironizar advogado de Augusto Heleno: "O horário do almoço ainda está longe"
O ministro Alexandre de Moraes voltou a arrancar risadas dos presentes na segunda sessão de interrogatórios dos réus da ação penal da tentativa de golpe de Estado, nesta terça-feira (10), ao ironizar o advogado do general Augusto Heleno, Matheus Mayer.
Na sessão de segunda-feira (9), Mayer havia pedido, ao final da audiência, para que Moraes adiasse o início do interrogatório desta terça, para que ao menos pudesse jantar, já que não teria comido nada desde o café da manhã, e o ministro respondeu com ironia, rejeitando a solicitação.
Já nesta terça-feira, Mayer invocou uma "questão de ordem", pouco antes do início do depoimento de Heleno e, antes mesmo que pudesse expor qual seria a questão, Moraes o interrompeu:
"Doutor, o horário do almoço ainda está longe. Vamos seguir...", ironizou o ministro.
O advogado, por sua vez, levou a resposta "na esportiva", dizendo que acatou a recomendação de Moraes e fez um "brunch reforçado" antes da sessão, e que queria apenas pontuar que Heleno utilizaria seu direito ao silêncio no interrogatório.
Veja vídeo:
Assista aos depoimentos ao vivo na TV Fórum:
Moraes ironiza advogado de Heleno; entenda
A sessão desta segunda-feira (9) no Supremo Tribunal Federal (STF), que marcou o início dos interrogatórios dos réus acusados de participar da tentativa de golpe de Estado em 2022, terminou com um momento inusitado protagonizado pelo ministro Alexandre de Moraes e pelo advogado do general Augusto Heleno.
Ao final do dia, o advogado Matheus Mayer solicitou que a sessão desta terça-feira (10) começasse mais tarde, alegando cansaço e a falta de tempo para jantar.
“O motivo da minha intervenção é bem pontual, Excelência. São 20h, a audiência amanhã é às 9h, e nós viemos em um carro só. Ainda preciso levar o general para casa, e eu mesmo preciso ir para a minha. Eu minimamente quero jantar... Excelência, eu só tomei café da manhã hoje, quase nada mais”, justificou Mayer, arrancando risos do plenário.
Com ironia, Moraes respondeu: “Imagine eu.”
O advogado insistiu: “Eu imagino, Excelência, por isso estou falando. Eu ia pedir a gentileza de rogar a essa turma... Se há como colocar um pouco mais tarde amanhã.”
A resposta de Moraes foi sarcástica: “9h02.”
Mayer, então, propôs: “Possível 10h, Excelência?”
Moraes, por sua vez, respondeu com mais ironia: “Vamos ver se terminamos amanhã. O senhor ainda tem quarta-feira para tomar um belo brunch, quinta é o jantar do Dia dos Namorados, e sexta é dia de Santo Antônio. Quem sabe o senhor comemora também numa quermesse?”
“Se a gente começa a atrasar, a gente não acaba. Nove horas, doutor, nove horas. Uma boa noite, um bom descanso a todos", finalizou Moraes.
A audiência de terça-feira está mantida para as 9h da manhã. Augusto Heleno será ouvido como parte das oitivas do chamado "núcleo crucial" da trama golpista que tentou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silvaapós as eleições de 2022. Nesta segunda-feira, prestaram depoimento o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o deputado federal Alexandre Ramagem.
Veja vídeo:
Primeiro dia
Nesta segunda-feira (9), no primeiro dia de interrogatório, foram ouvidos o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem sobre as acusações de participação na trama.
Cid confirmou que esteve presente em reunião na qual foi apresentado ao ex-presidente Jair Bolsonaro documento que previa a decretação de medidas de estado de sítio e prisão de ministros do STF.
O militar também confirmou que recebeu dinheiro do general Braga Netto para que fosse repassado ao major do Exército Rafael de Oliveira, integrante dos kids-pretos, esquadrão de elite da força.
Ramagem negou ter usado o órgão para monitorar ilegalmente a rotina de ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante o governo de Jair Bolsonaro.
Interrogatórios
Até a próxima sexta-feira (13), Alexandre de Moraes vai interrogar presencialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro, Braga Netto e mais seis réus acusados de participar do "núcleo crucial" de uma trama para impedir a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o resultado das eleições de 2022.
O interrogatório dos réus é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do ex-presidente e dos demais réus ocorra no segundo semestre deste ano.
Em caso de condenação, as penas passam de 30 anos de prisão.