No interrogatório de Jair Bolsonaro (PL) na Primeira Turma do STF na tarde desta terça-feira (10), numa sessão da ação penal na qual figura como réu por tentativa de golpe de Estado, uma cena de puro escárnio e deboche com a cara de seus seguidores chamou a atenção de todos.
Sem qualquer constrangimento, e sem ser perguntado sobre o assunto, o ex-presidente resolveu falar da verdadeira fortuna que recebeu de seus fanáticos e cego seguidores após deixar o cargo no Palácio do Planalto. Bolsonaro viu mais de R$ 17 milhões caírem em sua conta corrente, por meio de depósitos em Pix, já nos primeiros meses após ficar sem mandato. O que se viu foi um show de cara de pau constrangedor.
Te podría interesar
“Precisamos arranjar uma grana aí pra quando você deixar o governo”, teria dito um amigo dele, que é deputado federal, e a quem ele não quis identificar, conforme seu relato ao ministro Alexandre de Moraes.
Na sequência, Bolsonaro diz: “Eu levei um susto e [perguntei] ‘que grana é essa’?”. Segundo ele, o tal amigo foi mais detalhista, então, na explicação.
Te podría interesar
“Tem que arranjar algumas dezenas de milhões de reais porque quando você deixar o governo você vai ter problemas seríssimos com a Justiça, o pessoal vai pra cima de você, como foram pra cima de quase todos”, contou no interrogatório.
Na sequência, gargalhando e olhando para seus dois advogados, que também riam, o ex-presidente falou abertamente que “não pode trabalhar de graça” e justificou por que “merece” a verdadeira fortuna que recebeu de seus apoiadores e que é alvo de várias especulações com relação à utilização de tais montantes.
“E aí eu falei pra esse amigo que eu só tinha uma forma de arranjar essa grana... [Seria] fazendo besteira, e não vou fazer... Se não fosse a campanha de Pix, que eu não fiz, eu estaria [incompreensível] hoje em dia... R$ 17 milhões, depois teve um pingado e chegou a R$ 18 milhões, e a gente gasta... Eu não posso trabalhar de graça”, relatou às gargalhadas.
“Então, se não fosse [o dinheiro do Pix] eu não teria como ajudar meu filho também, e é outra história isso aí, ou seja, eu agradeço... E eu acredito que arrecadei mais dinheiro que o Criança Esperança, e é porque o pessoal gosta da gente”, continuou debochando.
Recentemente, Bolsonaro admitiu num depoimento à Polícia Federal que deu R$ 2 milhões diretamente ao filho Eduardo, que é investigado pelas autoridades após largar o mandato de deputado para viver nos EUA, de onde tenta orquestrar ações com o governo norte-americano para ameaçar e sancionar o ministro Alexandre de Moraes, que julga seu pai, assim como outras figuras do STF e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.