É democracia ou ditadura: O que você quer para os seus filhos e netos?
A grande batalha da nossa geração é aqui e agora. Isso acontece a cada 50 anos, às vezes 100 num país.
Há pessoas que vivem sem ter contato com um momento histórico tão delicado, grave e angustiante. E que às vezes no fim se torna exultante.
No Brasil, quem viveu o golpe de 64 sabe do que estou falando. Quem era vivo na 2ª guerra mundial, ainda restam alguns, também.
É aquele período onde parece que estamos decidindo um século.
Imaginem por exemplo o que seria do mundo se a Alemanha tivesse vencido aquela guerra. Seríamos um mundo dominado pelo nazismo por quanto tempo? Estaríamos nós filhos e netos daquela geração ainda sob os domínios do Reich?
Pode parecer exagerado o que vou dizer, mas o Brasil está do ponto de vista da sua história vivendo um momento semelhante, que não parece ter potencial para afetar a vida de muitos outros países, mas afetará com certeza umas décadas da nossa história enquanto país. Mudará o destino de ao menos uma geração.
Se Lula vencer a eleição, muito provavelmente ele só fará um mandato de quatro anos, cumprirá a Constituição, terá um governo de centro na economia e mais à esquerda nas questões sociais. Seu destino é sair da política em 2026 e ir para casa curtir a vida com a sua atual companheira Janja.
Nas eleições de 2026 teremos algumas candidaturas que apoiaram seu governo e provavelmente um Bolsonaro ou um bolsonarista disputando pela extrema-direita com menos força porque não contará com o aparelho do Estado para usá-lo eleitoralmente.
E se Bolsonaro ganhar, o que teremos? Um governo despótico que mudará a Constituição tirando todas as suas conquistas em áreas ambientais, da infância, dos direitos humanos, das liberdades individuais, entre outros pontos. Uma mudança na conformação do STF que passará a ter 15 ministros e que será uma extensão do executivo. Muito provavelmente também teremos a cassação de ministros como Alexandre de Moraes e a mudança da legislação eleitoral voltando à urna com cédulas que permitem mais fraudes e a reeleição por tempo indeterminado. Sim, Bolsonaro, se reeleito, não se contentará em ficar apenas até 2026. Seu projeto é de se tornar um ditador que vai conquistando pelo voto, com fraudes, mandatos indefinidos. Temos exemplos disso no mundo, tanto de governos mais à esquerda, mas principalmente à direita. Viktor Orbán é sua referência. Pesquisem sobre o que acontece na Hungria para terem uma visão mais concreta do risco que estamos correndo.
Mas o que fazer quando se está diante de um cenário desses? Resmungar no Instagram, Facebook ou grupos de WhatsApp? Ficar xingando aquele familiar que fica repetindo que o Lula é ladrão? Se encolher e dizer que você já achava que Bolsonaro podia vencer as eleições?
Não, amigas e amigos. Não podemos cair nessa armadilha. É hora de arregaçar as mangas e enfrentar o desafio colocado para a nossa geração com todas as forças. É hora de cada sindicato, ONG, Centro Acadêmico, movimento social, organização de bairro se transformar numa daquelas igrejas evangélicas onde o pastor faz jejum com seus fiéis e fica orando na noite da eleição. É hora de tirar férias do trabalho, de tirar da agenda outros compromissos sociais, de deixar aquela viagem pra depois do dia 30 e ir pra rua e para as redes trabalhar de forma incansável.
É hora de organizar nossa tropa e parar de chororô porque o Datafolha deu 6% de frente para o Lula. Sim, para o Lula. Imaginem se fosse ao contrário. Além de a Quaest ter dado 8% e o Ipec 10%.
O favoritismo ainda está do lado da democracia e faltam 22 dias para este pesadelo acabar. Vamos ganhar bem no Nordeste e podemos empatar ou virar em São Paulo e Rio de Janeiro. O Datafolha de ontem, por exemplo, deu 46% a 44% para Bolsonaro em São Paulo. É um resultado espetacular. Haddad está perdendo de 50% a 40%, mas tem capacidade para demolir Tarcísio nos debates. Será que isso não pode melhorar seus índices? Será que não dá tempo de criar uma onda?
Evidente que é razoável estar preocupado com o cenário de demolição que a vitória de Bolsonaro enseja. Mas a preocupação não pode virar nem medo nem pessimismo. Ela precisa nos tirar da zona de conforto. Dos nossos papos de bares com os mesmos amigos de sempre. Precisa nos fazer entrar em coletivos de campanha e ir disputar votos em todos os cantos das redes e das ruas que tiver ao nosso alcance.
Vamos combinar uma coisa também, não reclame da campanha até dia 30. Faça campanha. Depois teremos novembros, dezembros, janeiros e muito tempo pra fazer avaliações. Tem coisa errada, claro que tem. Mas Lula teve 48,5% dos votos no dia 2 de outubro e ainda está na frente. Deixem o desespero para o lado de lá. É hora de lutar por nós e pelos que precisam de nós. É hora de olhar para o seu filho e seu neto e dizer, eu não vou deixar você viver numa ditadura. E depois do dia 30 poder se orgulhar de contar essa história para ele, que você fez de tudo naquela eleição que tirou o Brasil das mãos de um déspota. E venceu.