Um homem australiano, na faixa dos quarenta anos, se tornou a primeira pessoa do mundo a deixar o hospital com um coração artificial feito de titânio e viver com o dispositivo por mais de três meses.
A medida foi necessária para que ele pudesse esperar um coração humano doado e realizar uma cirurgia de transplante cardíaco. O dispositivo de titânio é utilizado como uma medida paliativa para pessoas com insuficiência cardíaca.
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Por 105 dias, o órgão artificial foi responsável por levar sangue para os pulmões do homem e o manteve vivo enquanto ele cumpria sua rotina habitual até 6 de março, quando um coração de doador humano ficou disponível. Os médicos dizem que, sem a solução paliativa de metal, o coração do paciente teria falhado antes que o transplante fosse possível.
O paciente é a sexta pessoa no planeta a receber esse tipo de equipamento, conhecido como BiVACOR, projetado para substituir ou auxiliar o funcionamento de ambos os ventrículos do coração. Contudo, é o primeiro a conviver com o dispositivo por mais de um mês.
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Inovação
“É incrivelmente inovador”, celebra a cirurgiã vascular da Universidade de Sydney, Sarah Aitken, em entrevista à revista Nature. Ela observa que é preciso ainda analisar o nível de funcionalidade que as pessoas que o utilizam podem alcançar, além do custo final do uso do equipamento. “Esse tipo de pesquisa é realmente desafiadora de fazer porque é muito cara” e a cirurgia envolvida é de altíssimo risco, diz.
Embora o coração de titânio seja usado como uma medida temporária até que um coração humano de um doador esteja disponível, alguns cardiologistas avaliam que ele poderia se tornar uma opção permanente para pessoas não elegíveis para transplantes em função da idade ou de outras condições de saúde.
A Nature aponta que, nos Estados Unidos, aproximadamente 7 milhões de adultos vivem com insuficiência cardíaca, mas somente cerca de 4.500 transplantes de coração foram realizados em 2023, muito em função da escassez de doadores.
Melhora do paciente
Antes da operação, o homem só conseguia andar de 10 a 15 metros sem sentir falta de ar. Agora, ele está de pé e fazendo coisas que não conseguia fazer há muitos anos, pontua o cardiologista Chris Hayward, chefe da equipe cirúrgica do Hospital St. Vincent, em Sydney, onde o procedimento foi realizado.
"O Coração Artificial Total BiVACOR inaugura um cenário totalmente novo para transplantes cardíacos, tanto na Austrália quanto internacionalmente", diz Hayward, conforme o Science Alert. "Na próxima década, veremos o coração artificial se tornar a alternativa para pacientes que não podem esperar por um coração de doador ou quando um coração de doador simplesmente não está disponível."
Menos de 6 mil transplantes de coração são realizados anualmente no mundo todo, e, para muitos, um órgão doado é a única maneira de salvar milhões de pessoas com danos cardíacos graves e risco de morte iminente.