Em 2024, o Brasil bateu recorde no número de afastamentos do trabalho devido a quadros de ansiedade e depressão. No ano passado, foram 470 mil pessoas afastadas em razão de transtornos mentais e comportamentais, o que representou aumento de 67% na série histórica de dez anos.
Entre as principais causas dos afastamentos, estão ansiedade (141.414), episódios depressivos (113.604) e transtorno depressivo recorrente (52.627). Em seguida, aparecem transtorno afetivo bipolar (51.314), transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de drogas e outras substâncias psicoativas (21.498) e reações ao estresse grave e transtornos de adaptação (20.873).
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Em relação somente a quadros de ansiedade, o número de afastamentos por esse motivo sofreu aumento de 400% em relação a 2014, quando foram registrados 32 mil. Já os afastamentos por transtornos depressivos aumentaram quase o dobro.
Os dados foram divulgados pelo Ministério da Previdência Social com base nos benefícios por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) concedidos aos trabalhadores.
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Entre as principais causas para os transtornos mentais estão a crise no emprego, gerada pela digitalização da vida, pelas novas relações de trabalho mais autoritárias e as novas tecnologias e pelas mudanças sociais após a pandemia de Covid-19. Em relação a esse período, o aumento de afastamentos cresceu 400%.
Perfil dos trabalhadores afastados
As mulheres representam a maioria dos trabalhadores afastados por transtornos mentais (64%), e isso se deve muito às cobranças impostas a elas em outras áreas da vida. A sobrecarga de lidar com o trabalho e as tarefas domésticas, além das violências sofridas dentro e fora do ambiente de trabalho e a remuneração desigual estão entre os principais fatores.
De acordo com o estudo, a idade média das mulheres afastadas é de 41 anos e o principal transtorno relatado é ansiedade, assim como nos homens. Em média, elas ficam 92 dias afastadas, enquanto eles ficam 105.
Os recortes por raça, faixa salarial e escolaridade não foram calculados devido à falta de informações do INSS.
A saúde do trabalhador brasileiro e o fim da escala 6x1
A proposta pelo fim da escala 6x1, que nasceu com o movimento Vida Além do Trabalho (VAT), fundado por Rick Azevedo, que hoje ocupa o cargo de vereador no Rio de Janeiro, lança luz ao debate sobre escalas de trabalho massivas e a saúde do trabalhador brasileiro.
Agora tramitando na Câmara dos Deputados através de uma PEC da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), a proposta pede a redução da jornada de trabalho de 6x1, onde o trabalhador trabalha 6 dias e folga somente 1, para 4x3. O projeto prevê que, desse modo, o trabalhador terá mais tempo não só de lazer, mas também para tratar da sua saúde. Leia a íntegra do projeto nesta reportagem.
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