Se 2020 foi o ano marcado pela explosão de uma pandemia devastadora, caracterizada pelo crescimento rápido dos casos de infecção (que chegaram a 704,7 milhões) e morte (cerca de 7,01 milhões), de acordo com dados do Worldometer, cinco anos depois da COVID-19, o que se deve esperar para o mundo são as "pandemias silenciosas" — aquelas que surgem e se desenvolvem de maneira lenta, mas cuja taxa de progressão é contínua e levanta preocupações.
De acordo com Conor Meehan, professor associado de Bioinformática Microbial na Universidade de Nottingham Trent, na Inglaterra, em artigo para a revista The Conversation, existem pelo menos três doenças infecciosas que é preciso observar ao longo dos próximos anos: a malária, causada por um parasita; o HIV, causado por um vírus; e a tuberculose, causada por uma bactéria.
Te podría interesar
Juntas, essas três patologias dizimam cerca de 2 milhões de pessoas anualmente.
No Brasil, a malária não é uma ameaça letal: com a maioria dos casos registrados na região amazônica, sua taxa de mortalidade é de cerca de 0,05% (em 2023, foram registrados 80 óbitos relacionados à infecção, de acordo com o Ministério da Saúde).
Te podría interesar
Já o HIV, que afeta principalmente pessoas em situação de vulnerabilidade, tem registrado um aumento de casos no país: em 2023, a taxa chegou a crescer 4,5%, de acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV e AIDS de 2024, embora a mortalidade por AIDS tenha avistado uma diminuição (alcançou 3,9 óbitos em 2023, a menor taxa desde 2013).
Dos casos notificados da doença, 63,2% ocorreram em pessoas pretas e pardas; 53,6% entre homens que fazem sexo com outros homens; e 37,1% entre pessoas na faixa etária de 20 a 29 anos.
Em 2023, foram registrados 10.338 óbitos por AIDS no Brasil.
Em 2024, o Brasil atingiu a marca de 109 mil usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que protege contra o vírus do HIV, distribuído gratuitamente via Sistema Único de Saúde (SUS). A meta da ONU (Organizações das Nações Unidas) para acabar com a AIDS como problema de saúde pública é ter 95% das pessoas infectadas convivendo com HIV diagnosticadas; 95% em tratamento antirretroviral; e 95% em supressão viral (intransmissíveis). O Brasil está bem próximo de alcançar esse cenário: ultrapassou a meta de diagnóstico (96%), alcançou a meta de pessoas intransmissíveis (95%) e está em 82% no tratamento.
A tuberculose, por sua vez, registrou o maior número de casos mundiais em 2022, e o maior número desde que a doença começou a ser monitorada, em 1995: foram 7,5 milhões de novos diagnósticos. De acordo com o Ministério da Saúde, são notificados pelo menos 80 mil novos casos e 5,5 mil mortes anuais pela doença, causada por uma bactéria que afeta os pulmões (Mycobacterium tuberculosis). A doença ocorre com mais frequência em pessoas que convivem com HIV, especialmente em comprometimento imunológico.
A letalidade pode chegar a até 50% dos casos; mas, com o devido tratamento, até 85% dos infectados são curados.
A bactéria causadora da tuberculose já faz parte da lista da Organização Mundial de Saúde que classifica os principais patógenos de resistência antimicrobiana (isto é, aqueles patógenos críticos, de alta e média pioridade, de acordo com o impacto global da crescente resistência às terapias antibacterianas).
A lista abrange pelo menos 24 patógenos, dentre as quais há 15 famílias bacterianas resistentes a antibióticos — inclusive a Mycobacterium tuberculosis.