SAÚDE

É preciso ficar de olho nas pandemias silenciosas em 2025, afirma pesquisador

De acordo com Conor Meehan, professor associado de Bioinformática Microbial na Universidade de Nottingham Trent, na Inglaterra, existem pelo menos três doenças infecciosas que é preciso observar ao longo dos próximos anos

Mãe e criança.Créditos: Pixabay
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Se 2020 foi o ano marcado pela explosão de uma pandemia devastadora, caracterizada pelo crescimento rápido dos casos de infecção (que chegaram a 704,7 milhões) e morte (cerca de 7,01 milhões), de acordo com dados do Worldometer, cinco anos depois da COVID-19, o que se deve esperar para o mundo são as "pandemias silenciosas" — aquelas que surgem e se desenvolvem de maneira lenta, mas cuja taxa de progressão é contínua e levanta preocupações.

De acordo com Conor Meehan, professor associado de Bioinformática Microbial na Universidade de Nottingham Trent, na Inglaterra, em artigo para a revista The Conversation, existem pelo menos três doenças infecciosas que é preciso observar ao longo dos próximos anos: a malária, causada por um parasita; o HIV, causado por um vírus; e a tuberculose, causada por uma bactéria.

Juntas, essas três patologias dizimam cerca de 2 milhões de pessoas anualmente.

No Brasil, a malária não é uma ameaça letal: com a maioria dos casos registrados na região amazônica, sua taxa de mortalidade é de cerca de 0,05% (em 2023, foram registrados 80 óbitos relacionados à infecção, de acordo com o Ministério da Saúde).  

Já o HIV, que afeta principalmente pessoas em situação de vulnerabilidade, tem registrado um aumento de casos no país: em 2023, a taxa chegou a crescer 4,5%, de acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV e AIDS de 2024, embora a mortalidade por AIDS tenha avistado uma diminuição (alcançou 3,9 óbitos em 2023, a menor taxa desde 2013).

Dos casos notificados da doença, 63,2% ocorreram em pessoas pretas e pardas; 53,6% entre homens que fazem sexo com outros homens; e 37,1% entre pessoas na faixa etária de 20 a 29 anos. 

Em 2023, foram registrados 10.338 óbitos por AIDS no Brasil. 

Em 2024, o Brasil atingiu a marca de 109 mil usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que protege contra o vírus do HIV, distribuído gratuitamente via Sistema Único de Saúde (SUS). A meta da ONU (Organizações das Nações Unidas) para acabar com a AIDS como problema de saúde pública é ter 95% das pessoas infectadas convivendo com HIV diagnosticadas; 95% em tratamento antirretroviral; e 95% em supressão viral (intransmissíveis). O Brasil está bem próximo de alcançar esse cenário: ultrapassou a meta de diagnóstico (96%), alcançou a meta de pessoas intransmissíveis (95%) e está em 82% no tratamento. 

A tuberculose, por sua vez, registrou o maior número de casos mundiais em 2022, e o maior número desde que a doença começou a ser monitorada, em 1995: foram 7,5 milhões de novos diagnósticos. De acordo com o Ministério da Saúde, são notificados pelo menos 80 mil novos casos e 5,5 mil mortes anuais pela doença, causada por uma bactéria que afeta os pulmões (Mycobacterium tuberculosis). A doença ocorre com mais frequência em pessoas que convivem com HIV, especialmente em comprometimento imunológico.

A letalidade pode chegar a até 50% dos casos; mas, com o devido tratamento, até 85% dos infectados são curados.

A bactéria causadora da tuberculose já faz parte da lista da Organização Mundial de Saúde que classifica os principais patógenos de resistência antimicrobiana (isto é, aqueles patógenos críticos, de alta e média pioridade, de acordo com o impacto global da crescente resistência às terapias antibacterianas). 

A lista abrange pelo menos 24 patógenos, dentre as quais há 15 famílias bacterianas resistentes a antibióticos — inclusive a Mycobacterium tuberculosis

 

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