CIÊNCIA

Jejum intermitente: novo estudo mostra que estratégia pode aumentar risco de morte

Estratégia que se tornou febre de emagrecimento pode dobrar chance de morte por problemas cardíacos, afirma estudo preliminar

Novo estudo mostra riscos do jejum intermitenteCréditos: Pixabay
Escrito en SAÚDE el

O jejum intermitente se tornou uma estratégia alimentar popular para reduzir peso. Os praticantes do jejum ficam algumas horas sem comer ao longo do dia, alternando entre períodos de alimentação e de abstinência alimentar.

O método ganhou uma popularidade significativa por seus possíveis benefícios à saúde, incluindo perda de peso e melhora da saúde metabólica.

Porém - ainda que o jejum seja considerado somente uma estratégia para reduzir a quantidade de calorias consumidas -, um estudo apresentado na conferência de 2024 da American Heart Association descobriu uma associação impressionante entre a restrição alimentar no tempo (uma forma de jejum intermitente) e um aumento do risco de morte relacionada a doenças cardiovasculares.

A pesquisa analisou dados de mais de 20.000 adultos participantes dos Inquéritos Nacionais de Saúde e Nutrição (NHANES) de 2003 a 2018.

O foco principal eram indivíduos que praticavam um esquema de restrição alimentar de 8 horas, que envolve consumir todas as refeições em uma janela de 8 horas e jejuar pelas 16 horas restantes. 

Indivíduos que aderiam a essa janela alimentar de 8 horas exibiram um risco 91% maior de morrer por doença cardiovascular em comparação com aqueles que distribuíam suas refeições por um período de 12-16 horas.

Entre os participantes com doença cardiovascular ou câncer existentes, aqueles que restringiram sua alimentação a menos de 10 horas por dia também enfrentaram riscos aumentados de mortalidade, com um risco 66% maior de morrer por doença cardíaca ou derrame observado para aqueles que comiam dentro de uma janela de 8-10 horas.

O estudo destacou que a duração mais curta da refeição não se correlacionou com um risco reduzido de morte por outras causas, indicando uma ligação específica com a saúde cardiovascular.

"Ficamos surpresos ao descobrir que, em comparação com pessoas cuja duração da alimentação era de 12 a 16 horas... aquelas que restringiam seu tempo de alimentação em 8 horas por dia tinham maior risco de morte cardiovascular e não viviam mais", disse o autor principal do estudo, Victor Wenze Zhong, professor de epidemiologia e bioestatística na Faculdade de Medicina da Universidade Jiao Tong de Xangai, ao site estadunidense LiveScience.

Ele contemporiza: "é muito cedo para dar uma recomendação específica sobre [alimentação com restrição de tempo] com base em nosso estudo também", afirma

Essas descobertas são particularmente significativas dada a crescente popularidade da restrição alimentar no tempo como um meio de melhorar os resultados de saúde.

Embora estudos anteriores tenham sugerido que o jejum intermitente pode melhorar os marcadores de saúde cardiometabólica, como pressão arterial e níveis de colesterol, essa nova evidência sugere que os efeitos a longo prazo podem ser prejudiciais, especialmente para indivíduos com condições de saúde preexistentes.

Especialistas alertam que estudos observacionais como este não podem estabelecer definitivamente a causalidade. O risco aumentado associado a uma janela alimentar de 8 horas pode surgir de vários fatores de confusão, como qualidade geral da dieta, níveis de atividade física e outras escolhas de estilo de vida.

Além disso, os participantes podem ter limitado sua janela alimentar devido a problemas de saúde, em vez de seguir intencionalmente um regime de jejum.

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