NA CONTRAMÃO

Item básico de alimentação registra maior alta da última década

Apesar da inflação de 22,93%, a tendência é de acomodação ou queda nos próximos meses

Prato de comida.Créditos: Reprodução
Escrito en ECONOMIA el

Apesar da baixa na média dos preços dos alimentos, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o ovo de galinha continua pesando no bolso. O produto, que nos últimos anos foi o principal substituto da carne - que atingiu preços muitos elevados e agora vive uma queda - acumula o maior alta da década entre itens básicos da alimentação do povo brasileiro.

Há tempos, os brasileiros têm comentado sobre o aumento do preço do ovo. O famoso “carro do ovo”, que vendia 30 unidades por R$10,00, passou a anunciar preços mais caros. 

Segundo o IBGE, no período de 12 meses entre os meses de junho de 2022 e 2023, o ovo de galinha acumulou inflação de 22,93% no país. Essa é a maior alta de preços em dez anos, desde julho de 2013, quando o item bateu o recorde de 24,54%.

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Para André Almeida, analista da pesquisa do IBGE, os preços elevados podem ser associados à menor oferta, provocada pelo aumento dos custos de produção. "Além disso, o consumo de ovo cresceu no Brasil, por conta da alta de preços nas proteínas concorrentes", afirmou em entrevista à Folha.

O especialista em seguida explica que quando há maior demanda pelo produto, a tendência é de pressão sobre os preços.

Já o economista Lucas Dezordi, professor da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) avalia que a alta do ovo está relacionada com questões como a oferta menor e o aumento dos custos de produção após a pandemia, além da Guerra da Ucrânia. No entanto, ele traz uma avaliação positiva, e afirma que os preços devem ter "acomodação" ou até queda, nos próximos meses.

O motivo, segundo Dezordi, é o recuo recente das cotações de insumos usados na produção de ovos, incluindo o milho, base da alimentação das galinhas.

Carnes e frango

As carnes já sentiram esse alívio, segundo o IPCA. Peito (-10,50%), fígado (-10,09%), paleta (-9,22%) e alcatra (-9,09%) são os cortes bovinos com as maiores quedas no acumulado de 12 meses do índice de inflação. 

O frango, tanto pedaço quanto inteiro, também registraram quedas de 3,94% e 0,98%, respectivamente.

Dezordi ainda aponta que apesar da inflação de 22,93%, o ovo segue sendo a proteína mais barata se comparada às carnes. Ele conclui com esperança, afirmando que a expectativa é de acomodação ou até queda dos preços. “O milho está diminuindo, a soja está diminuindo, as carnes estão caindo. Tudo isso pode ajudar para que os preços dos ovos sofram uma queda".

As capitais com as maiores altas de preços do ovo até junho foram Belo Horizonte (31,92%), Aracaju (30,36%) e Goiânia (28,94%). 

Preço do ovo em SP

Os consumidores paulistanos pagaram, em média, R$13,10 pela dúzia de ovos brancos em maio. Os dados são da  pesquisa da cesta básica realizada pelo Procon-SP em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

"As exportações recordes de ovos e o frio, que reduz a produtividade das poedeiras, acarretaram diminuição da oferta, o que encareceu o produto", afirmou o Procon-SP em nota. Esse valor representou 30,9% a mais do registrado um ano antes, de R$ 10,01, em maio de 2022.