CORAÇÃO

Cardiopatia congênita: o que é doença que pode ser diagnosticada na barriga da mãe

Brasil tem instituto que oferece tratamento gratuito para doença que atinge um a cada cem bebês nascidos no país

Diagnóstico precoce da doença aumenta a qualidade de vida do bebê.Créditos: MART PRODUCTION/Pexels
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Neste dia 12 de junho é celebrado o dia da Conscientização da Cardiopatia Congênita e a data muitas vezes serve para lembrar a importância do diagnóstico precoce da doença. A Organização Social Pro Criança Cardíaca, que atua 27 anos no acompanhamento e tratamento de pacientes com doenças cardiovasculares, é um dos poucos institutos brasileiros responsáveis por oferecer o tratamento de forma gratuita.

Quando uma criança ou adolescente apresenta sintomas ou histórico da doença cardiovascular, eles são direcionados por seu pediatra, médico de família ou cardiopediatra do serviço público para uma avaliação cardiológica. O primeiro contato é com a equipe cardiológica da Instituição, que é totalmente gratuito, pode ser agendado através do telefone (21) 3239-4500 ou pelo site www.procrianca.org.br.

“O diagnóstico precoce pode ser feito ainda na barriga da mãe. O ecocardiograma fetal é um método capaz de identificar lesões estruturais antes do nascimento e, em geral, deve ser realizado entre a 24ª e a 28ª semanas de gestação. Se existe uma cardiopatia que precise de intervenção logo nos primeiros dias de vida, isso é primordial para o prognóstico do bebê”, afirmou a diretora médica do Pro Criança Cardíaca, Dra. Isabela Rangel.

A cardiopatia congênita, uma das formas mais comuns de anomalia congênita no nascimento, é a segunda maior causa de morte infantil no Brasil, superada apenas pela prematuridade. Essas condições cardíacas, que afetam milhares de crianças a cada ano, representam 40% de todas as malformações em recém-nascidos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que ocorram cerca de 28.846 novos casos anualmente. Essas condições são responsáveis por aproximadamente 10% dos óbitos infantis no país.

Visando garantir a disponibilização de recursos necessários para aumentar a eficiência dos diagnósticos e criar um cadastro nacional de crianças nascidas com cardiopatias congênitas, a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou recentemente um projeto de lei. Esta aprovação é um passo crucial para uma mudança positiva no tratamento das cardiopatias no Sistema Único de Saúde (SUS).

O que é a Cardiopatia Congênita

De acordo com a doutora, “as cardiopatias congênitas são anomalias na estrutura e/ou função do coração, que ocorrem durante a vida fetal. Todos os meses, prestamos serviço para cerca de 240 crianças cardiopatas carentes e para as que já são acompanhadas pela equipe de cardiopediatras e demais áreas da saúde fornecidas de forma gratuita e com acesso universal”, diz Rangel.

Maria é uma das 15.609 pacientes atendidas pelo Pro Criança. De um ano e meio, a menina é um exemplo vivo da importância do diagnóstico precoce de cardiopatias. Nascida de um parto normal após uma gestação de risco habitual, Maria não recebeu um diagnóstico de cardiopatia ao nascer. No entanto, meses depois, a respiração ofegante da menina levantou suspeitas em sua tia.

Após uma consulta clínica e a realização de um eletrocardiograma e ecocardiogramano instituto, uma organização indicada por uma amiga da família, Maria foi diagnosticada com cardiopatia congênita e defeito do Septo Átrio Ventricular. A menina passou por uma cirurgia cardíaca e agora está sob acompanhamento ambulatorial multidisciplinar.

O Pro Criança oferece atendimento cardiológico gratuito e integrado, com ações sociais inclusas. Durante a primeira avaliação cardiológica, o paciente é cadastrado e submetido a um exame clínico, eletrocardiograma e ecocardiograma. Uma vez confirmado o diagnóstico de doença cardiovascular, a Instituição assume a responsabilidade pelo manejo, tratamento (clínico, medicamentoso e/ou cirúrgico) e acompanhamento do paciente. Vale ressaltar que, no Rio de Janeiro, apenas quatro hospitais do SUS estão habilitados para realizar cirurgias cardiovasculares pediátricas, e nenhum deles está ligado ao Terceiro Setor.