Depressão crônica, ansiedade, trauma e um transtorno de personalidade não especificado, tendo recebido também o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esta é a série de problemas que acometem e atormentam a holandesa Zoraya ter Beek desde a sua infância.
Após dez anos de tratamento ela, finalmente, ouviu de seu psiquiatra: "isso nunca vai melhorar". Segundo depoimento dela ao The Guardian, o médico afirmou a ela ter tentado de tudo e que não havia mais nada a se fazer.
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Ela conheceu um parceiro, mas nem isso a ajudou e ela continuou "a machucar-se e sentir-se suicida". Sem saída para seu sofrimento, ela solicitou a eutanásia ao governo. O “procedimento” deverá ser realizada nas próximas semanas.
“Na terapia, aprendi muito sobre mim mesmo e sobre os mecanismos de enfrentamento, mas isso não resolveu os problemas principais. No início do tratamento, você começa esperançoso. Achei que iria melhorar. Mas quanto mais o tratamento dura, você começa a perder a esperança”, afirmou. Segundo ela, após dez anos de tratamento, "não sobrou nada" em que pudesse apostar.
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Primeiro país do mundo a aprovar a eutanásia
A Holanda foi o primeiro país do mundo a legalizar a eutanásia ativa e o suicídio assistido. A lei, que entrou em vigor em abril de 2002, permite que uma pessoa possa solicitar a eutanásia quando está "passando por um sofrimento insuportável, sem perspectiva de melhora", pontuando que seu pedido deve ser feito "com seriedade e plena convicção".
A legislação que o médico e um especialista independente determinem que o paciente está sofrendo insuportavelmente e sem esperança de melhora.
O procedimento, no entanto, é incomum no país para pacientes com transtornos mentais. O Guardian afirma que, em 2010, foram registrados dois casos envolvendo sofrimento psiquiátrico. Em 2023, esse número saltou para 138, cerca de 1,5% do total de 9.068 mortes assistidas.
O processo, segundo Ter Beek, é "longo e complicado". Ela afirma que, ao contrário do que se imagina, "se você pedisse uma morte assistida na segunda-feira, estaria morto na sexta". Ela diz que está há muito tempo na lista de espera para avalição do seu caso. Há poucos médicos "dispostos a se envolver na morte assistida de pessoas com procedimento mental", ressalta.
“Então, você tem que ser avaliado por uma equipe, ter uma segunda opinião sobre sua elegibilidade, e a decisão deles deve ser revisada por outro médico independente”, disse ela. A paciente destacou também que em cada estágio foi questionada pelos médicos: "tem certeza?" Ela diz que “nos três anos e meio que isso levou, nunca hesitei na minha decisão”.
Alívio
A sua morte assistida deve ocorrer dentro de algumas semanas. Ela afirma já ter sentido medo e culpa por seu companheiro, familiares e amigo, mas disse estar "absolutamente determinada". Ela descreve a sensação como "alívio".
A equipe irá à casa de Ter Beek no dia marcado, que não foi revelado. A equipe começa o procedimento aplicando um sedativo. Nenhum remédio para parar seu coração será aplicado até que ela entre em coma.
“Para mim, será como adormecer. Meu parceiro estará lá, mas eu disse a ele que está tudo bem se ele precisar sair da sala antes do momento da morte”, encerrou.