Se você treina musculação e tem nos alimentos ultraprocessados uma parte importante da sua dieta, seu esforço na academia pode ter resultados muito menores do que o esperado. E sua saúde pode ser comprometida.
Um estudo apresentado nesta quarta-feira (4) na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte, em Chicago, nos Estados Unidos, mostra que produtos altamente processados estão associados ao aumento da gordura muscular nas coxas e a um risco maior de doenças como osteoartrite.
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Os efeitos poderiam ser sentidos inclusive em dietas pouco calóricas. “A gordura muscular pareceu acontecer independentemente da ingestão de calorias”, disse a autora Zehra Akkaya, pesquisadora e ex-bolsista Fulbright no Departamento de Radiologia e Imagem Biomédica da Universidade da Califórnia, em São Francisco, em um comunicado de imprensa.
Para o estudo, foram analisados dados de 666 indivíduos, 455 homens e 211 mulheres, com idade média de 60 anos. Os participantes estavam acima do peso, com um índice de massa corporal (IMC) médio de 27 e aproximadamente 40% dos alimentos que haviam comido no ano anterior eram ultraprocessados.
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O conceito de ultraprocessados foi desenvolvido pela equipe do epidemiologista brasileiro Carlos Monteiro, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e se refere a formulações de ingredientes, a maioria de uso exclusivamente industrial, que resultam de uma série de processamentos industriais. Inclui produtos como refrigerantes, salgadinhos de pacote, chocolates, doces, sorvete, pães, margarinas, bolachas, bolos e misturas para bolos, cereais matinais, tortas, pratos de massa e pizzas pré-preparadas; nuggets, salsichas, hambúrgueres, cachorro-quente e outros produtos de carne reconstituídos, assim como sopas industrializadas e macarrão instantâneos.
"Pesquisas do nosso grupo e de outros mostraram anteriormente que o declínio quantitativo e funcional nos músculos da coxa está potencialmente associado ao início e à progressão da osteoartrite do joelho", disse Akkaya. "Em imagens de ressonância magnética, esse declínio pode ser visto como degeneração gordurosa do músculo, onde faixas de gordura substituem as fibras musculares."
Efeitos do excesso de gordura muscular
A osteoartrite é uma doença articular crônica que causa desgaste da cartilagem que reveste as articulações. Pode causar dor nas articulações, rigidez e inchaço. Segundo a pesquisadora, é a doença que mais contribui para custos de saúde não relacionados ao câncer nos EUA e ao redor do mundo.
O excesso de gordura muscular também está associado à fraqueza, fazendo com que os músculos percam força, mobilidade e qualidade, e a condições como obesidade, diabetes tipo 2 e resistência à insulina, em parte porque pode prejudicar a maneira como o corpo processa os alimentos digeridos.
"Compreender essa relação pode ter implicações clínicas importantes, pois oferece uma nova perspectiva sobre como a qualidade da dieta afeta a saúde musculoesquelética", diz. Akkaya.
Con informações de Newsweek e Science Daily