A elefantíase, também chamada de filariose linfática, é transmitida através da picada de mosquitos infectados por parasitas, cuja ocorrência é típica em regiões tropicais e subtropicais.
No Brasil, os casos da doença costumavam ser avistados sobretudo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, tanto por condições ambientais como pela falta de infraestrutura para a prevenção.
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A partir da década de 1980, o país iniciou campanhas nacionais para o controle e a erradicação da doença, com estratégias para o tratamento em massa de áreas endêmicas e a distribuição de medicamentos antiparasitários.
Esses esforços, que se seguiram no começo dos anos 2000, culminaram no reconhecimento, pela OMS (Organização Mundial da Saúde) do Brasil como país livre da elefantíase, que ocorreu na última segunda (11).
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Durante uma cerimônia em Brasília, na sede da Organização Pan-Americana dda Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, diretor da organização, entregou o documento de certificação que simboliza a erradicação da doença no Brasil e o avanço da saúde pública no controle de epidemias.
Uma doença intimamente ligada às desigualdades de renda entre regiões, pessoas e países, a elefantíase, bem como outras doenças epidêmicas dessa espécie, apontam para uma "dívida histórica" com as populações mais vulneráveis, como sugeriu Nísia Trindade, do Ministério da Saúde.
"Essas pessoas são as que dedicamos este certificado. Queremos resgatar, de alguma forma, a dívida de não permitir que as doenças da pobreza se perpetuem", afirmou ela durante a cerimônia.
O Brasil fará parte, agora, do grupo de 19 países certificados pela erradicação da filariose como problema de saúde pública, junto a nações como Estados Unidos (que erradicou a doença da década de 1950), Egito, Bangladesh, Maldivas, Sri Lanka, Tailândia e Vietnã. É o primeiro país latino-americano a receber o certificado.
No continente latino-americano, países como Guiana, Haiti e República Dominicana ainda enfrentam desafios no combate aos parasitas causadores da elefantíase, de acordo com a OPAS. São pelo menos 12,6 milhões de pessoas em risco de infecção.
"A doença pode ser eliminada na Região das Américas com a administração massiva e simultânea de dois medicamentos anti-helmínticos em toda a população das áreas endêmicas por um período de 2 a 5 anos", diz a recomendação da ONU.
Saiba mais sobre a doença
A elefantíase é caracterizada pelo inchaço dos gânglios linfáticos, com o bloqueio de vasos nas pernas, mamas e órgãos genitais.
O inchaço nas partes afetadas pode se tornar muito severo, dando à área a aparência de uma "perna de elefante", devido ao acúmulo excessivo de linfa e tecido fibroso. Além disso, as áreas afetadas tendem a se tornar mais suscetíveis a infecções bacterianas, como a erisipela, uma infecção de tipo bacteriano aguda da pele e dos tecidos subcutâneos.
Em casos mais graves, a elefantíase pode afetar a função dos órgãos envolvidos, como os genitais, causando hidrocele (acúmulo de líquido nas membranas que envolvem o testículo) em pessoas do sexo masculino, o que pode levar a complicações mais sérias.
O tratamento é feito principalmente com antibióticos, como a penicilina ou outros antibióticos de largo espectro, dependendo da gravidade da infecção. Se tratada precocemente e de forma adequada, a erisipela tem um bom prognóstico, com recuperação completa da pele afetada.