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Pesquisadores alertam para o perigo de usar utensílios pretos de cozinha; entenda

O estudo foi conduzido por pesquisadores da organização independente “Toxic-Free Future”, dos EUA, e da Universidade Vrije, dos Países Baixos

Imagem Ilustrativa.Créditos: Pixabay
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Alerta para um estudo desenvolvido por pesquisadores da organização independente de pesquisa Toxic-Free Future, dos EUA, e da Universidade Vrije, dos Países Baixos. O trabalho foi publicado na edição de outubro do periódico Chemosphere.

A pesquisa apresentou uma conclusão surpreendente: utensílios plásticos de cozinha na cor preta, como espátulas, colheres e pegadores, têm o potencial de liberar produtos tóxicos e cancerígenos.

O grupo de estudiosos analisou a composição química de 203 produtos de uso doméstico (além de utensílios de cozinha, brinquedos, acessórios de cabelo e embalagens de comida de delivery ou congelados). O objetivo era encontrar dois tipos de substâncias retardantes de chamas: os bromados (BRFs) e os organofosforados (OPRFs).

A exposição prolongada a estes produtos químicos, geralmente usados para conter o fogo em caso de explosão, curto-circuito ou incêndio, pode levar ao desenvolvimento de câncer, disfunções hormonais e doenças cardiovasculares, conforme estudos anteriores.

O resultado foi alarmante: 85% dos produtos analisados possuíam algum dos retardantes de chamas, sendo que os níveis mais altos foram encontrados em uma bandeja de sushi, uma espátula e um colar de contas plásticas para crianças.

Como o plástico preto é mais difícil de reciclar, frequentemente é rejeitado no processo tradicional e, com isso, é reaproveitado de resíduos eletrônicos, o que aumenta o perigo de contaminação em utensílios domésticos.

Origem do problema

Outra conclusão do trabalho é que foi detectado, em 70% dos itens, o composto éter decabromodifenílico (decaBDE), que era utilizado em invólucros de eletrônicos havia décadas, mas foi proibido há mais de duas décadas anos em países que assinaram a Convenção de Estocolmo, como o Brasil, por ser considerado um “poluente orgânico persistente”.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), por exemplo, considera o decaBDE como tóxico, principalmente para fetos e crianças.

A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc) classifica o éter decabromodifenílico em seu grupo 3 de substâncias, isto é, ele é considerado “não classificável quanto a carcinogenicidade”, uma categoria comumente usada para agentes para os quais a evidência de câncer é inadequada em humanos e animais de experimentação, de acordo com a coluna Viva Bem, no UOL.

Porém, como esta análise feita pela agência da ONU é de 1998, há outras versões mais atualizadas. Pesquisa realizada pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China e publicada em abril no periódico Jama Network Open, da Associação Médica Americana, concluiu que existe relação significativa entre o aumento de mortalidade por câncer e a exposição a este tipo de produto.

Inúmeros utensílios de cozinha testados pela equipe de pesquisadores que publicou na Chemosphere possuíam o decaBDE em níveis (34.700 ng/por dia), ou seja, acima dos limites de exposição involuntária segura.

A questão é saber como uma substância que era encontrada em aparelhos de som e TVs na década de 1970 aparece, agora, em objetos usados na cozinha.

“Estes resultados, claramente, demonstram que eletrônicos contendo retardantes de chamas, como invólucros de grandes televisões, estão sendo reciclados em utensílios e potes de comida. Apesar de ser crítico que desenvolvamos abordagens sustentáveis ao lidar com o nosso fluxo de lixo plástico, temos que tomar algum cuidado e garantir que não estejamos contribuindo para exposições adicionais a estes químicos perigosos em materiais recicláveis”, apontou a professora Heather Stapleton, da Universidade Duke, em comunicado à imprensa.

Potes plásticos pretos

O risco também existe na utilização de potes plásticos pretos. “Levar o pote plástico ao micro-ondas aquece tanto a embalagem quanto a comida. O aumento de temperatura permite que substâncias químicas dentro do plástico sejam liberadas dentro da comida enquanto é aquecida”, esclareceu a a professora de farmacologia e toxicologia Phoebe Stapleton, da Universidade Rutgers, nos EUA, em entrevista à revista Travel and Leisure.

A toxicologista Linda Birnbaum, ex-diretora do Instituto Nacional para Ciências da Saúde Ambiental e do Programa Nacional de Toxicologia dos EUA, informou à CNN que é melhor evitar o plástico preto.

“Eu recomendaria não utilizar plástico preto para materiais que terão contato com a comida ou comprar brinquedos com peças plásticas pretas”, disse.

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