GENÉTICA

Pesquisa que conquistou Nobel pode auxiliar na produção de novas terapias celulares

Ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina descobriram novas funções do microRNA, que torna a vida viável em organismos humanos; descobertas devem avançar produção de vacinas e outros tratamentos genéticos

Pesquisa e desenvolvimento.Créditos: Scottish Government via Flickr commons
Escrito en SAÚDE el

O Nobel em Fisiologia ou Medicina de 2024 premiou a pesquisa de Victor Ambros e Gary Ruvkun, das Universidades de Massachusetts e Harvard, respectivamente, por sua pesquisa inovadora sobre os microRNAs.

 O prêmio, cujo resultado foi anunciado durante assembleia em um instituto de estudos médicos da Suécia, oferece como recompensa 11 milhões em coroas suecas, que equivaleria a cinco milhões de reais

A pesquisa vencedora este ano desvela funções do microRNA no corpo humano, isto é, detalhes sobre como essa estrutura influencia os genes capazes de tornar viável a vida humana e estruturar o código genético das células do corpo. 

A importância dessas descobertas está relacionada à multiplicidade de funções — e doenças — a que as células e seu código genético estão ligados: a regulação dos microRNAs no interior dessas estruturas, quando se comporta de maneira anormal, pode contribuir para o surgimento de doenças crônicas como o câncer, e o entendimento acerca do seu funcionamento pode ajudar na produção de terapias genéticas avançadas (tanto para tratar as doenças crônicas como para auxilinar na produção de outras terapias celulares, como vacinas). 

Além disso, saber como o microRNA funciona pode revelar como formas de vidas complexas são capazes de se desenvolver, e de que maneiras é possível manipular sua formação genética — ou mesmo evitar condições genéticas em novos indivíduos, combatendo, desde o início da vida, a evolução de condições adversas (a perda de audição congênita ou as doenças relacionadas à formação óssea, por exemplo, ambas condições geneticamente definidas). 

Durante a produção de vacinas contra a COVID-19, vírus responsável pela pandemia de 2020 a 2022, estudos sobre os microRNAs também foram importantes para o desenvolvimento de terapias eficazes. Veja abaixo que outras doenças estão associadas aos microRNAs.

  • Doenças oncológicas:
    Nos últimos anos, pesquisas têm demonstrado que os microRNAs podem funcionar tanto como oncogenes (promotores de câncer) quanto como supressores tumorais. O uso de terapias baseadas em microRNAs — seja para restaurar ou inibir sua função — tem sido investigado como uma estratégia de tratamento.
  • Doenças cardiovasculares:
    Os microRNAs estão envolvidos na regulação de genes que afetam o desenvolvimento de doenças causadoras de insuficiência cardíaca. O estudo de microRNAs específicos poderia, portanto, reduzir a progressão dessas condições ou melhorar a recuperação após eventos como infarto do miocárdio.
  • Doenças neurodegenerativas:
    Essas estruturas também têm um papel importante para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como Alzheimer, Parkinson e esclerose lateral amiotrófica (ELA). Eles regulam os genes envolvidos em processos inflamatórios e causadores de morte neuronal. Estudar a função dos microRNAs nesses casos pode abrir novas vias para tratamentos.
  • Doenças infecciosas:
    Certos microRNAs podem interferir na replicação de vírus, como o HIV e o vírus da hepatite. Eles podem, por exemplo, suprimir a expressão de genes virais ou regular a resposta imunológica do hospedeiro. O estudo de terapias antivirais para essas doenças envolveria, portanto, as estruturas de microRNA.