O maior lutador de boxe do Brasil, José Rodrigues dos Santos, conhecido como Maguila, morreu aos 66 anos nesta quarta-feira (23) devido a um quadro de encefalopatia traumática crônica.
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A condição neurodegenerativa se desenvolve devido a repetidos golpes na cabeça e, por isso, é chamada de "demência do pugilista", pois é comum que lutadores a desenvolvam ao longo da carreira. A doença se caracteriza por alterações no comportamento cognitivo, perda de memória, sinais parkinsonianos do tipo de tremores, falta de coordenação e problemas com a fala.
A encefalopatia traumática crônica foi identificada pela primeira vez em pugilistas em 1920. Além de Maguila, que foi identificado com a doença em 2013, o boxeador brasileiro Éder Jofre também foi diagnosticado com a doença e faleceu em 2022. Além deles, Muhammad Ali também desenvolveu a doença e morreu de Parkinson em 2016.
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A doença, porém, não é exclusiva de lutadores, e também pode se desenvolver em jogadores de futebol americano e de rugby, esportes com muito contato físico violento.
Tratamento
Não há um tratamento específico para a encefalopatia traumática crônica e o que os médicos recomendam são medidas de segurança e apoio para amenizar os sintomas.
Quem era Maguila
Lutador da categoria peso-pesado, Maguila iniciou a carreira no esporte com auxílio do narrador e empresário Luciano do Valle. O jornalista era proprietário de uma empresa, a Luqui, que assessorava o atleta e o colocou para treinar com Angelo Dundee, que dirigiu personagens icônicos do boxe, como Muhammad Ali e George Foreman.
O começo da carreira no boxe foi fulminante, conquistando 14 vitórias consecutivas, de 1983 a 1985, ficando dois anos invicto e conquistando o Campeonato Sul-Americano dos pesos-pesados. Apesar dos ótimos resultados, Maguila era criticado pela fragilidade de seus adversários e pela falta de técnica. Contudo, era o brasileiro melhor colocado no ranking da categoria.
Após romper contrato com a empresa de Luciano do Valle, em 1989, o pugilista teve a oportunidade de enfrentar dois dos maiores nomes do boxe mundial em todos os tempos: Evander Holyfield e George Foreman. Porém, perdeu ambas as lutas, todas por nocaute. Com Holyfield, inclusive, disputou o cinturão do Conselho Mundial de Boxe (CMB).
Maguila conseguiu resultados expressivos para o esporte nacional. Em 1995, foi campeão mundial da Federação Mundial de Boxe (FMB), organização menos badalada do que o CMB. Ele derrotou o britânico Johnny Nelson por pontos. Em 2000, resolveu encerrar a carreira.
Em toda sua trajetória no boxe, Maguila disputou 85 lutas, com 77 vitórias, um empate e apenas sete derrotas. Além do Sul-Americano e o Mundial, ele venceu o Campeonato Brasileiro, foi pentacampeão continental e conquistou o título das Américas.
Após encerrar a carreira, Maguila trabalhou na TV como comentarista e integrou o elenco fixo do "Show do Tom", na Record TV, de acordo com informações do R7. Além disso, gravou um CD de samba intitulado "Vida de Campeão". Em 2010, disputou uma vaga para deputado federal pelo PEN, mas não se elegeu.
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