De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 17 mil novos casos de hanseníase foram registrados no Brasil em 2022 — e corresponderam a 90% dos casos em todo o continente americano. O país também é o segundo do mundo em incidência da doença.
Desde 1980, o Ministério adota medidas para desmistificar a doença e conscientizar a população acerca de seus sintomas e riscos. Antes chamada de "lepra", a hanseníase é tratada com a Poliquimioterapia Única (PQT-U), que usa três antimicrobianos associados e oferece possibilidade de cura à doença bacteriana.
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Agora, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) deve liderar, no Brasil, uma fase clínica do desenvolvimento da primeira vacina contra a hanseníase — a LepVax, que começou a ser desenvolvida em 2022 por um instituto norte-americano de pesquisa biotecnológica (Access to Advance Health Institute, AAHI, localizado em Seattle).
O teste da vacina foi autorizado na segunda (14) pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e vai utilizar 54 voluntários brasileiros. Antes, 24 pessoas saudáveis já foram testadas nos Estados Unidos, de acordo com a Agência Brasil, e não houve incidência de efeitos negativos ou adversos graves.
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A eficácia da vacina, isto é, sua capacidade de resposta imunológica, foi comprovada nos testes anteriores.
Como vão ocorrer os testes?
Serão investigadas duas formulações diferentes da vacina, uma com mais alta e outra com mais baixa dose do antígeno.
Os 54 participantes, que devem ter entre 18 e 55 anos, serão divididos em três grupos de maneira aleatória, com um dos grupos recebendo a vacina de dose baixa, um a de dose alta, e um terceiro recebendo um composto placebo (sem efeito).
O teste ocorrerá ao longo de um ano e deve iniciar uma nova fase na produção e na distribuição dessa terapia, que pode interromper a transmissão da doença nas metas impostas pelo Ministério da Saúde.
As metas incluem a eliminação da doença em pelo menos 75% dos municípios brasileiros até 2030.
Saiba mais sobre a doença
A bactéria Mycobacterium leprae, responsável pela hanseníase, é transmitida de pessoa para pessoa por gotículas respiratórias (tosse ou espirro) de indivíduos infectados e sem tratamento. Ela não se espalha facilmente, e o risco de contágio geralmente ocorre após contato prolongado e íntimo.
Ela afeta principalmente a pele, os nervos periféricos, o nariz e os olhos; seus sintomas incluem manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele, perda de sensibilidade nas áreas afetadas, fraqueza muscular e dormência nos pés e mãos.
O tratamento é feito com antibióticos, com a Poliquimioterapia (PQT), que é fornecida gratuitamente pelo SUS.
Com tratamento precoce, a hanseníase é curável e evita sequelas. Além disso, se tratada corretamente, deixa de ser transmissível.