Halana Santos Souza, 29, teve morte cerebral durante a gravidez. Por conta disso, até que o filho ganhasse peso suficiente em sua barriga, a equipe médica a manteve em aparelhos por 42 dias no Hospital Infantil Francisco de Assis, em Cachoeiro de Itapemirim (ES).
O bebê, batizado como Rhuan, nasceu no dia 27 de junho de 2023, mesma data em que os aparelhos foram desligados pela equipe e a mãe partiu.
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“No dia 27 de junho, sabíamos que ela iria para o centro cirúrgico e que não a veríamos mais. Doeu e dói muito até hoje. Não sei quando vai passar. Mas o importante é que o Rhuan está bem”, afirmou Adailda Benedita, mãe de Halana
Aline Vicente Maria da Silva, avó paterna de Rhuan, disse ter sido a única a assistir ao parto. “Foi um misto de sentimentos: sabíamos que a chegada do Rhuan seria a despedida da Halana. Foi muito triste”, lamentou.
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Anemia falciforme
Halana tinha anemia falciforme, uma doença caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue. Ela se consultou com a médica que a acompanhava para saber como seria a gravidez.
“A médica disse que a Halana poderia engravidar, mas seria algo de risco (...) Ela conheceu várias meninas com anemia que engravidaram e tinha dado tudo certo”, disse Adailda Benedita.
Em maio, já durante a gravidez, Halana teve febre, dor no corpo, náusea e diarreia. Os sintomas não passavam, então ela teve que ser internada. Com o passar do tempo, ela começou a ter falta de ar e as dores pioraram. Ela, então, teve que ser intubada.
Adailda conta que Halana teve um quadro infeccioso que resultou em AVC hemorrágico. "Os médicos disseram que o antibiótico estava combatendo a infecção, que tinha dado respostas, mas o estado era grave", diz.
Quando os médicos tiraram a sedação, Halana não apresentava mais sinais vitais. Ela teve morte cerebral, quadro irreversível, em que há ausência das funções cerebrais.
A decisão
“Para mim, acabou tudo naquele momento. Sabia que ela não estava mais ali. A expectativa era se desligava ou não os aparelhos. Fizemos uma reunião com os médicos e foi muito difícil. A decisão, no final, era deixar o Rhuan na barriga de Halana até ele ganhar peso e nascer”, descreve Adailda.
Aline Vicente Maria da Silva, a avó paterna, afirmou nunca ter esquecido a fala do seu filho: “não vamos desligar. Onde há vida, há esperança”.
O parto de Halana foi um milagre operado por dois hospitais: o projeto TeleUTI, iniciativa do Ministério da Saúde com o Hospital das Clínicas, na USP e o Hospital Infantil Francisco de Assis, onde ela estava internada.
Segundo Rossana Francisco, professora da USP, “com uma gravidez, é preciso manter o fluxo sanguíneo até o útero e controlar a parte nutricional do bebê em uma tentativa de que a gestação avance até tempo suficiente para a criança nascer e sobreviver”.
“Parte emocional é muito difícil para a família. É necessário explicar todos os riscos que o procedimento envolve e que, apesar de todo esforço, a criança pode não sobreviver”, explica a médica.
Com informações do Viva Bem, do UOL