GORDURA TRANS

Gordura trans: infarto e outros riscos que ela pode causar

Mais de 500 mil mortes ao ano são decorrentes do consumo de gordura trans industrial, de acordo com a OMS

Batatas fritas possuem alto teor de gordura trans, em torno de 14,5 g/100 g.Créditos: Razane Adra/Pexels
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A gordura trans é uma variante lipídica comum em produtos processados e industrializados, como bolos, biscoitos, salgadinhos e óleos de cozinha. Aproximadamente 5 bilhões de pessoas ao redor do globo ainda estão suscetíveis aos efeitos da gordura trans, que elevam risco de doenças cardíacas e mortalidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o consumo de gordura trans seja responsável por até 500 mil mortes prematuras a cada ano em todo o mundo. Esse número alarmante pode ser reduzido com a conscientização e a adoção de práticas mais saudáveis na alimentação.

As denominadas "diretrizes de boas práticas para a eliminação da gordura trans" seguem um critério estabelecido pela OMS, visando limitar a produção industrial dessa substância por meio de duas opções. Uma delas é impor um limite obrigatório de 2g de gordura trans a cada 100g de gordura total em todos os alimentos. A outra alternativa é proibir nacionalmente a produção ou utilização de óleos parcialmente hidrogenados como ingredientes, uma significativa fonte de gordura trans. A primeira foi implementada no Brasil em 2021.

No entanto, vários alimentos no supermercado ainda são acompanhados de gordura trans e o consumo ainda é desenfreado. Especialistas alertam para seus riscos quando consumidas por um período prolongado, além de não oferecerem nenhum benefício à saúde. Veja a seguir: 

Infartos

A gordura trans apresenta um perigo significativo, pois eleva os níveis de colesterol ruim (LDL) e diminui os níveis de colesterol bom (HDL) no sangue, aumentando assim o risco de doenças cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC).

Trombose e Diabetes

Esse aumento do LDL pode levar à formação de placas de gordura nas artérias, promovendo também a aterosclerose, que é um fator de risco para trombose. Além disso, pesquisas indicam que a ingestão elevada de gordura trans pode estar associada a um aumento na resistência à insulina. A resistência à insulina é um fenômeno no qual as células do corpo têm dificuldade em responder adequadamente à insulina, o hormônio responsável pela regulação do açúcar no sangue. A resistência à insulina é um fator de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2.

Obesidade

Dados do Ministério da Saúde indicam que 18,9% da população brasileira é obesa, e mais da metade (54%) está com excesso de peso. A obesidade, uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. De maneira geral, o ganho de peso ocorre quando a ingestão calórica, de gordura trans principalmente, supera a quantidade de calorias gastas. Nesse cenário, o excedente calórico é armazenado no tecido adiposo, resultando no acúmulo de gordura.

Inflamação cerebral

O consumo excessivo de gordura pode desencadear inflamação no hipotálamo, uma região crucial do cérebro que desempenha um papel fundamental no controle do comportamento alimentar. Essa condição interfere na regulação da fome e saciedade, resultando na incapacidade da pessoa em se sentir satisfeita.

Um estudo recente conduzido pela Universidade da Califórnia, São Francisco, e pela Universidade do Centro Médico Washington, Washington, ambas nos Estados Unidos, revelou que dietas ricas em gordura também levam ao aumento do número de células do sistema imunológico no cérebro, conhecidas como micróglias. Esse aumento contribui para a compulsão alimentar.

Doenças no fígado, nos rins e no aparelho gastrointestinal

Popularmente conhecida como "gordura no fígado", a esteatose hepática não alcoólica é mais uma condição que pode ser desencadeada por uma dieta rica nesse tipo de lipídeo. Esta condição ocorre quando há um acúmulo excessivo de gordura nas células do órgão, conhecidas como hepatócitos. 

Segundo o Viva Bem, do UOL, a ingestão de alimentos gordurosos pode prejudicar o fechamento do esfíncter inferior, que é a válvula do esôfago, contribuindo para casos de doença do refluxo. Isso ocorre devido ao acúmulo de gordura na região abdominal, que eleva a pressão no estômago e demanda um esforço adicional do esfíncter.

O consumo excessivo de gordura também afeta os rins, seguindo a mesma razão que impacta o coração e o cérebro. A formação de ateromas nas paredes das artérias renais pode ocorrer, causando estreitamento ou endurecimento e, consequentemente, reduzindo ou bloqueando o fluxo sanguíneo para os rins. Isso pode resultar em atrofia, diminuição do tamanho e comprometimento funcional, além de contribuir para o desenvolvimento de hipertensão arterial.