GRAVIDEZ

Pílula do dia seguinte: Sua eficácia pode diminuir com uso frequente?

Método contraceptivo de emergência, o medicamento deve ser usado com cautela

Imagem ilustrativa.Créditos: Jarmoluk/Pixabay
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A pílula do dia seguinte, apesar de não ser um método contraceptivo e sim emergencial, é comumente usada por mulheres que desejam evitar uma gravidez indesejada. Muitas dúvidas surgem nesse processo, sobre a taxa de falha, o jeito certo de tomar e se o medicamento perde a eficácia com o uso frequente. 

Usada via oral, a pílula funciona através de hormônios sintéticos que impedem ou atrasam a ovulação, além de dificultarem a locomoção do espermatozoide até o órgão reprodutor feminino, evitando assim a gravidez.

Em outro artigo, explica-se sua eficiência e taxa de falha. Agora, a dúvida esclarecida é se, após vários usos, a pílula perde sua eficiência.

Segundo os Critérios de Elegibilidade Médica (MEC) de 2015 da Organização Mundial da Saúde (OMS), não há evidências científicas de que o método se torne menos eficaz se usado repetidamente, até mesmo mais de uma vez dentro do ciclo menstrual.

"O corpo não se acostuma com a dose de hormônio", aponta Jefferson Drezett, professor do Departamento de Saúde, Ciclos de Vida e Sociedade da Faculdade de Saúde Pública da USP e professor da disciplina de saúde sexual e reprodutiva e genética populacional da Faculdade de Medicina do ABC, em entrevista ao Viva Bem, UOL.

No entanto, é preciso reforçar que a pílula do dia seguinte é um método emergencial, e não contraceptivo. Portanto, não deve ser usado sempre, pois é como uma “bomba hormonal” dentro do organismo. O caderno “Anticoncepção de Emergência (AE)”, da série “Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos” do Ministério da Saúde publicado em 2005, adverte que “a AE [pílula do dia seguinte] tem indicação reservada a situações especiais ou de exceção, com o objetivo de prevenir gravidez inoportuna ou indesejada”.

Pesquisas sobre o tema

Estudos sobre o assunto ainda não indicaram um limite no número de vezes que a pílula do dia seguinte pode ser utilizada no mesmo ciclo, nem a frequência ou intervalo ideal.

Uma pesquisa feita em 2016 sobre o uso frequente da pílula observou, por seis meses, um total de 330 mulheres saudáveis entre 18 e 45 anos que relataram ter uma média de seis relações sexuais por mês.

Elas usaram a pílula de levonorgestrel de 1,5 mg como método primário 24 horas antes ou depois do ato sexual. O resultado mostrou que o método teve uma eficácia de 92% e que mais de 90% das participantes optariam por utilizá-lo no futuro ou o recomendariam a outras pessoas.

"Como o levonorgestrel atua no corpo da mulher por três dias, ela tem a opção de repetir o método quantas vezes desejar durante o mês, após 72 horas do uso anterior, por exemplo, sem perder sua eficácia. No entanto, é fundamental lembrar que a taxa de falha do método está diretamente relacionada ao momento do ciclo menstrual, pois há o risco de gravidez caso a ovulação ocorra em qualquer intervalo", explica Luis Bahamondes, professor titular do Departamento de Tocoginecologia da Unicamp.

Efeitos colaterais

A pílula do dia seguinte, por conter hormônios capazes de afetar o ciclo menstrual, apresenta efeitos colaterais como:

  • Diminuição no volume de sangramento ou ainda o aumento no número de dias sem sangramento ao longo do tempo;
  • Enjoo e episódios de vômito isolados caso em mulheres que sejam mais sensíveis à ação do hormônio. Isso ocorre em cerca de 30% das mulheres;
  • Dores de cabeça, sensibilidade nas mamas e, mais raramente, vertigens — sintomas que somem em até 24 horas sem qualquer tipo de intervenção ou medicamento, segundo Drezett.