VÍCIO

Uso excessivo de descongestionantes nasais traz riscos à saúde, afirma especialista

Medicamento gera dependência e aumenta chance de taquicardia e hipertensão, segundo especialistas

Imagem ilustrativa.Créditos: Pixabay
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Para as pessoas que sofrem com problemas respiratórios, como sinusite, rinite, entre outros, os descongestionantes nasais são verdadeiros parceiros durante o tempo mais seco. A sensação satisfatória do nariz desentupido após o uso pode gerar um vício ao produto que aparenta ser inofensivo. Porém, especialistas alertam para riscos graves do uso excessivo do medicamento, que pode, inclusive, levar à morte.

De acordo com o Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital das Clínicas de São Paulo, as consequências do uso indiscriminado de descongestionantes nasais ocupam o terceiro lugar na lista de problemas causados por efeitos colaterais e uso incorreto de remédios. 

A dependência desenvolvida pela exposição a altas quantidades da substância pode levar ao desenvolvimento de sérias complicações. Segundo o otorrinolaringologista Arnaldo Tamiso, do Hospital Paulista, “é uma luta da classe médica quanto à necessidade de prescrição para a venda do remédio nas farmácias”.

Como o descongestionante age no organismo

O nariz entupido, formalmente chamado de congestão nasal, é uma reação a condições inflamatórias, infecciosas e até anatômicas, como desvio do septo e presença de pólipo nas narinas.

A irritação que sentimos pela falta de ar é, na verdade, o aumento dos vasos sanguíneos e dos cornetos, gerado por essa presença de um agente externo. Os descongestionantes nasais são tão viciantes porque contêm substâncias vasoconstritoras, como nafazolina, fenoxazolina, oximetatazolina, fenilefrina e pseudoefredina, capazes de reter esse inchaço e permitir a passagem de ar. 

Riscos

Um das possíveis consequências do excesso dos produtos é a rinite medicamentosa. Essa condição se desenvolve por um efeito rebote do medicamento, ou seja, ele acaba tendo o efeito contrário, gerando mais irritação no nariz.

O corpo, após algum tempo de uso, se acostuma com o medicamento, o que faz o efeito diminuir e o nariz voltar a ficar entupido mais rápido. Logo, a pessoa usa o descongestionante mais vezes e “o órgão passa a funcionar apenas com o medicamento, o que pode evoluir para um quadro reversível apenas com cirurgia”, alerta Tamiso.

Além dessa complicação, é possível que o medicamento aumente o risco de  taquicardia e hipertensão e, em casos mais graves, levar à morte por arritma cardíaca e picos de pressão arterial. Por isso, o descongestionante nasal é contraindicado para pessoas hipertensas e com histórico de problemas no coração.

Curando o vício

O médico explica que o corpo consegue eliminar o descongestionante sozinho se o uso não for extenso, acima do limite de cinco dias de aplicação. Porém, se a exposição foi longa, os problemas podem se tornar crônicos. “Dificilmente o paciente consegue deixar de usar a medicação sem realizar um tratamento junto ao otorrinolaringologista. Uma dica é diluir o descongestionante em soro fisiológico gradativamente, até a total eliminação da droga”, explica Tamiso. 

Alternativas ao medicamento

O famoso soro fisiológico é uma das principais alternativas menos danosas para a congestão nasal. “Ele ajuda muito mais porque hidrata o nariz”, sugere o médico.

Agora, se o problema for crônico, causado por desvios e lesões no septo, o otorrino recomenda avaliação clínica, laboratorial e, se preciso, cirurgia. 

*Com informações de Metrópoles