SAÚDE RESPIRATÓRIA

Estudo revela que estamos respirando microplásticos no ar; entenda

Humanos podem inalar cerca de 16,2 fragmentos de microplásticos por hora, o que equivale ao tamanho de um cartão de crédito por semana

Partículas de microplástico podem afetar saúde respiratória.Créditos: Robina Weermeijer / Unsplash
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Originados de processos industriais, itens de consumo e decomposição de resíduos, os microplásticos se decompõem em fibras menores com o tempo, ficando menores que um fio de cabelo humano, podendo ser facilmente transportados pelo ar

Essas partículas são tão pequenas que podem ser inaladas e afetar a saúde humana. Em 2022, pela primeira vez foram encontradas partículas de plástico no trato respiratório, levantando preocupações sobre a exposição a longo prazo e os impactos correspondentes na saúde respiratória.

Estudos mostram que os humanos podem inalar cerca de 16,2 fragmentos de microplásticos por hora, o que equivale ao tamanho de um cartão de crédito por semana. As partículas podem carregar produtos químicos tóxicos ou contaminantes.

Entender como se deslocam no sistema respiratório é essencial para a prevenção e tratamento das doenças respiratórias, segundo a ciência. Recentemente, saiu um estudo na revista Physics of Fluids.

Como foi o estudo?

Ele mostrou como pesquisadores da University of Technology Sydney, University of Western Sydney e Queensland University of Technology na Austrália, Urmia University e Islamic Azad University no Irã e Comilla University em Bangladesh, desenvolveram um modelo computacional de dinâmica de fluidos para investigar o transporte e a deposição de microplásticos nas vias aéreas superiores dos humanos, um avanço importante na compreensão dos impactos dos microplásticos na saúde humana.

Mohammad S. Islam, um dos autores da pesquisa, explica: “milhões de toneladas dessas partículas foram encontradas na água, no ar e no solo. Pela primeira vez em 2022, estudos encontraram microplásticos nas profundezas das vias aéreas humanas, levantando preocupações sobre sérios riscos à saúde respiratória. Sua produção global está aumentando e a densidade de sua presença no ar está aumentando significativamente”.

Sob condições de respiração lenta e rápida, a equipe explorou o movimento de microplásticos com diferentes tamanhos (1,6, 2,56 e 5,56 mícrons, um milésimo de milímetro) e formas (esféricas, tetraédricas e cilíndricas). O acúmulo dessas partículas tendem a ficar na parte posterior da garganta ou em pontos quentes na cavidade nasal e orofaringe.

Islam ressalta que a concentração da deposição nas cavidades nasais e na área da orofaringe aumenta em decorrência da velocidade do fluxo, da inércia das partículas e da anatomia assimétrica das vias aéreas. “A forma anatômica complicada e altamente assimétrica das vias aéreas e o complexo comportamento do fluxo na cavidade nasal e na orofaringe fazem com que os microplásticos se desviem da linha de fluxo e se depositem nessas áreas”, afirma.

O que observaram?

Uma taxa maior de deposição de microplástico na cavidade nasal em comparação com a traquéia e outras áreas foi observada pelos especialistas. As taxas de fluxo, forma e tamanho das partículas influenciam o padrão geral de deposição. Uma vazão maior (30 l/min no presente estudo) leva a uma menor eficiência de deposição para todas as formas.

Uma taxa de fluxo mais alta levou a menos deposição, com os maiores (5,56 mícrons) depositando nas vias aéreas com mais frequência do que seus equivalentes menores.

Os pesquisadores afirmaram que seu estudo destaca a preocupação real com a exposição e inalação desses elementos, especialmente em áreas com altos níveis de poluição desses elementos ou com atividade industrial intensa. A expectativa agora é que suas descobertas aprimorem a avaliação de riscos à saúde e possam contribuir para o desenvolvimento de dispositivos específicos de administração de medicamentos.

“Nosso artigo enfatiza a necessidade de maior conscientização sobre a presença e os possíveis impactos à saúde dos microplásticos no ar que respiramos”, disse o também autor do estudo, YuanTong Gu. No futuro, os pesquisadores planejam analisar o transporte de microplástico em um modelo de pulmão inteiro específico do paciente em grande escala, que inclui parâmetros ambientais como temperatura e umidade.

*Com informações de Infobae