“SE PRECISAR, PEÇA AJUDA”

Setembro Amarelo: entenda como campanha atua na prevenção ao suicídio

Há oito anos, ação tem papel importante em combater estigmas relacionados à saúde mental e salvar vidas

Laço amarelo é o símbolo principal da campanha de prevenção ao suicídio.Créditos: Reprodução/Internet
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Em todo o mundo, a cor amarela é associada ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, data simbólica recordada todo dia 10 de setembro. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), só no ano de 2019, 700 mil pessoas optaram por terminar suas próprias vidas, o que representa uma a cada 100 mortes registradas.

O mês de setembro é inteiramente dedicado à missão de trazer à luz questões ligadas à saúde mental e ao debate sobre o suicídio. O lema “Se precisar, peça ajuda” faz parte da campanha “Setembro Amarelo”, que foi proposta no Brasil há quase dez anos.

De 2010 a 2019 no Brasil, foram registradas 112.230 mortes por suicídio. Durante esse período, houve um aumento de 43% no número de vítimas por ano, passando de 9.454 em 2010 para 13.523 em 2019, conforme apontam os dados disponíveis no Ministério da Saúde.

O especialista Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria,  disse em entrevista à CNN, que na campanha há uma saída e que “os casos de sucesso são muito mais numerosos”, mas lamenta que “não haja políticas públicas de saúde mental no país”.

Ele também ressalta que “o estigma é muito forte, não só sobre o suicídio, mas sobre as doenças psiquiátricas em geral”. Embora haja esforços para promover a valorização da vida, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), afiliada à OMS, alerta que a América é a única região do planeta onde a taxa de mortalidade por suicídio tem aumentado desde o início do século XXI. Em 2019, ocorreram mais de 97 mil mortes por suicídio na região, segundo a Opas.

Ainda há muito estigma

Muitas pessoas não percebem que os transtornos mentais e doenças psiquiátricas estão diretamente ligadas a casos de suicídio. É o que revela o psiquiatra Primo Paganini. “Aproximadamente 96% dos casos de suicídio estão associados a transtornos mentais, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia e abuso de substâncias”, afirma em entrevista à CNN.

“Existe ainda muita ‘psicofobia’ no Brasil, que é o medo ou receio de falar sobre doença mental. O tema deve ser abordado diretamente, sem temer que isso possa aumentar sua incidência; falar abertamente sobre isso pode salvar vidas”

A discussão aberta do assunto suicídio é a chave para combatê-la. “Existe ainda muita ‘psicofobia’ no Brasil, que é o medo ou receio de falar sobre doença mental. O tema deve ser abordado diretamente, sem temer que isso possa aumentar sua incidência; falar abertamente sobre isso pode salvar vidas”, reitera Paganini.

Ao todo, 10,2% dos adultos com 18 anos ou mais foram diagnosticados com depressão no Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), liderada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) no ano de 2019. 

Os estados do sul e sudeste foram os que apresentam percentuais de 15,2% e 11,5%, respectivamente, entre adultos diagnosticados com a doença. Em seguida, vêm as regiões centro-oeste (10,4%), nordeste (6,9%) e norte (5%).

O que caracteriza os sinais depressivos

Os principais sintomas que indicam um quadro depressivo, segundo o Ministério da Saúde, incluem:

  • Redução do interesse sexual;
  • Insônia ou sonolência: a insônia geralmente é intermediária ou terminal; 
  • Humor depressivo: sentimentos de tristeza, desvalorização pessoal e culpa; 
  • Retardo motor: falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentidão do pensamento, dificuldade de concentração, queixas de falta de memória, vontade e iniciativa; 
  • Dores e sintomas físicos difusos: mal-estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia e sudorese;
  • Apetite: geralmente reduzido, mas em algumas formas de depressão pode haver aumento do apetite, com maior interesse por carboidratos e doces; 

Principais canais de apoio

Em casos de ajuda ou informações, há meios acessíveis que fornecem apoio emocional e preventivo ao suicídio. Confira abaixo:

  • Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita).
  • CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde); 
  • UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro; 
  • Hospitais;

Com informações de CNN Brasil