SÁUDE MENTAL

Quais são as 7 estratégias para superar a depressão que atinge 5% dos adultos do mundo

O transtorno mental se tornou mais visível com casos de figuras públicas como Miley Cyrus, Dwayne Johnson, Lady Gaga e Andrés Iniesta

Depressão afeta milhões de pessoas no planeta.Créditos: Freepik
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Avalia-se que 5% dos adultos no mundo sofram de depressão, mas nem todos ainda conseguem reconhecer os sintomas, pedir ajuda ou contar abertamente que possuem o transtorno por medo de serem estigmatizados e discriminados.

O cantor espanhol Alejandro Sanz escreveu: "Não estou bem”, e preocupou muitos. “Não sei se isso serve para alguma coisa, mas quero dizer. Estou triste e cansado",disse. "Eu não sabia o que era. Eu não sabia o que era saúde mental, não sabia o que era depressão. Eu só sabia que não queria estar lá", disse o ator americano e ex-lutador profissional Dwayne Johnson, em um episódio do podcast "The Pivot".

Outras figuras públicas, como as cantoras Miley Cyrus e Lady Gaga, expressaram na época o que sentiam sobre esse tipo de transtorno mental. “Eu costumava acordar de manhã e perceber que era 'Lady Gaga'. E então me senti muito deprimido e triste, e não queria ser eu mesmo. Me senti ameaçada pelas coisas que minha carreira trouxe para minha vida e pelo ritmo da minha vida”, disse Lady Gaga, um dos maiores expoentes da música pop.

“Você entra em seu corpo e em sua mente, onde vê tudo como preto”, afirma o jogador de futebol Andrés Iniesta, um dos símbolos do melhor time da história do FC Barcelona, que revelou em detalhes sobre seus sentimentos durante um de seus piores momentos.

Apesar de ser uma condição comum, a depressão ainda é cercada de mitos que interferem nos direitos humanos das pessoas de ter acesso a diagnóstico e tratamento adequados para ajudá-las a se recuperar. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 75% das pessoas afetadas que residem em países de baixa e média renda não recebem nenhum tratamento.

Considerada como um distúrbio de saúde -um tipo de transtorno do humor- que se caracteriza por sua persistência, a depressão pode alterar o funcionamento diário da pessoa e ter consequências para a saúde a longo prazo. O risco aumenta quando as pessoas se encontram em contextos de adversidade, como pobreza, violência, migração forçada, gênero, etnia e outros tipos de discriminação.

Uma comissão formada pelo The Lancet e pela Associação Psiquiátrica Mundial alertou que ainda se acredita erroneamente que a depressão é simplesmente tristeza, um sinal de fraqueza ou que está limitada a determinados grupos culturais.

Vale salientar que a depressão é reversível e cada pessoa tem direito a receber cuidados, e existem pelo menos 7 estratégias a ter em conta no caminho da recuperação com base em evidências de estudos científicos e recomendações de autoridades de saúde como a OMS.

Confira 7 estratégias para lidar com a depressão

1 - Como reconhecer os sintomas

De acordo com os estudos da Organização Pan-Americana da Saúde os sintomas da depressão podem incluir:

  • Falta de energia ou motivação
  • Mudanças no apetite ou no sono
  •  Ansiedade ou nervosismo
  • Dificuldade para se concentrar ou tomar decisões
  • Sentimentos de inutilidade, culpa ou desesperança
  • Pensamentos de se ferir ou se suicidar

Um estudo recente mostrou que o diagnóstico da depressão pode demorar muito tempo ou ser incorreto. Isso piora a situação dos pacientes e dificulta a recuperação. Os pesquisadores sugeriram que o uso de aplicativos de celular pode ajudar a monitorar e tratar os sintomas depressivos. Eles também recomendaram uma avaliação rápida e personalizada para identificar, prevenir e tratar a depressão.

Outro estudo feito na Espanha revelou que os pacientes levavam cerca de 10 semanas para receber um diagnóstico de depressão depois dos primeiros sintomas. Alguns fatores que influenciavam esse atraso eram: baixa escolaridade, eventos estressantes na vida, episódios depressivos anteriores não diagnosticados e outros problemas de saúde.

Se você ou alguém que conhece está sofrendo com a depressão, não hesite em procurar ajuda. Converse com um médico, um psicólogo ou um psiquiatra. Eles podem indicar o melhor tratamento para o caso.

2- Tenha em mente que o estigma joga contra o paciente

Pessoas com o transtorno sofrem em silêncio por causa do estigma que existe em torno dessa condição. Alguns mitos comuns sobre a depressão são que ela é uma fraqueza, que só atinge pessoas fracassadas ou que ela se cura sozinha com força de vontade. Esses mitos foram desmentidos no livro “A depressão na prática clínica", dos psiquiatras Manuel Suárez Richards e Silvana Pujol, da Universidade Nacional de La Plata.

Segundo o Dr. Marcelo Cetkovich, vice-presidente da Associação Argentina de Psiquiatras e diretor médico do INECO, o estigma dificulta que as pessoas com depressão procurem ajuda profissional e também prejudica o seu relacionamento com os familiares e amigos. "O estigma faz com que as pessoas se afastem das pessoas deprimidas, achando que elas não são capazes de assumir responsabilidades ou de se recuperar. Isso torna mais difícil o processo de recuperação", disse ele ao Infobae.

Uma pesquisa realizada por pesquisadores belgas com quase 25 mil pessoas de 28 países europeus mostrou que o estigma também influencia na busca por ajuda formal. Os resultados indicaram que nos países onde há mais crenças estigmatizantes sobre a depressão, as pessoas tendem a evitar procurar médicos ou psicólogos, mesmo que precisem de apoio. O artigo foi publicado na revista Frontiers in Sociology.

3- Montar uma rede de acompanhamento

A depressão é um problema de saúde mental que afeta mais as mulheres do que homens. Conhecido como GeneSight Mental Health Monitor, um estudo com 1.000 adultos nos Estados Unidos mostrou que muitas mulheres que têm depressão ou ansiedade não recebem apoio de seus familiares e amigos quando falam sobre seus sentimentos.

Isso pode dificultar a busca por tratamento profissional e a recuperação da qualidade de vida. Por isso, é importante que as pessoas que convivem com alguém que tem depressão se informem sobre o transtorno e ofereçam suporte emocional e prático. As informações revelaram que seis em cada 10 mulheres pesquisadas com diagnóstico de depressão ou ansiedade afirmaram que sua família, amigos e/ou parceiros as ignoraram por causa de seus problemas com o transtorno. 

Dr Rojas diz que para familiares e amigos “pode ser frustrante e desgastante quando a pessoa com depressão está apática ou não tem atitudes ou comportamentos que costumava ter antes. No entanto, é necessário que familiares e amigos conheçam o transtorno e formem uma rede de apoio e acompanhamento”.

"O acompanhamento deve incluir momentos de abertura de diálogo com a pessoa com depressão, que ela seja ouvida e não julgada, e que seus sentimentos sejam validados", recomenda ele.

4- Fazer algum tipo de atividade física

Muitas vezes, quem sofre com a depressão tem dificuldade de buscar ajuda ou seguir o tratamento adequado. Uma das formas de melhorar os sintomas da depressão é praticar atividade física regularmente.

Segundo um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine, a atividade física tem efeitos positivos na depressão, ansiedade e sofrimento psicológico em todas as populações. O estudo analisou 97 revisões (1.039 ensaios e 128.119 participantes) e concluiu que “a atividade física deve ser uma abordagem fundamental no tratamento da depressão, ansiedade e sofrimento psicológico”.

A atividade física ajuda a liberar hormônios como endorfina, dopamina e serotonina, que são responsáveis pela sensação de bem-estar, euforia e alívio das dores. Além disso, a atividade física também promove o bem-estar social e a autoestima. 

Vale lembrar que a atividade física é um complemento ao tratamento da depressão, e não substitui o acompanhamento médico e psicológico. Se você está com depressão ou conhece alguém que esteja, procure ajuda profissional e converse sobre a possibilidade de incluir a atividade física na rotina.

5- O tratamento deve levar em consideração as particularidades de cada pessoa

Segundo Rojas, para cada paciente o tratamento da depressão é muito particular. “Sintomas devem ser identificados e os pacientes devem receber ferramentas para lidar com as situações”. 

“Os tratamentos psicológicos são os primeiros tratamentos para a depressão. Eles podem ser combinados com medicamentos antidepressivos na depressão moderada e grave. Os antidepressivos não são necessários na depressão leve”, ressalta a OMS.

6- A terapia cognitiva pode ajudar a reinterpretar momentos

A terapia cognitivo-comportamental ajuda a pessoa a mudar os pensamentos e comportamentos que contribuem para o seu sofrimento. “A terapia cognitivo-comportamental parte do princípio de que o nosso cérebro interpreta as situações que vivemos e que isso influencia as nossas emoções e ações. Na depressão, a pessoa tende a ter uma visão negativa de si mesma, do mundo e do futuro", diz Violeta Heredia, psicóloga especialista em Terapia Cognitiva e Psicologia Clínica da UBA e certificada pela Associação Argentina de Terapia Cognitiva.

Segundo ela, na terapia cognitivo-comportamental, o psicólogo faz uma avaliação do paciente e busca identificar as crenças e os pensamentos que estão por trás dos seus problemas. Em entrevista ao Infobae, a psicóloga pontuou que o objetivo é ajudar o paciente a questionar e modificar esses pensamentos ou realizar experimentos comportamentais para testar a validade deles. 

Também trabalhando para reconhecer os padrões de pensamento que se repetem e entender como eles foram formados. Além disso, se ensina o paciente a desenvolver habilidades como tolerância à frustração e regulação emocional para lidar melhor com o sofrimento.

7- Praticar técnicas de meditação

Uma forma de tratamento que vem ganhando destaque é a meditação, especialmente a chamada mindfulness, que significa atenção plena ao momento presente. Segundo um artigo publicado na revista Mindfulness, do Springer Group, essa prática pode aumentar a autocompaixão e reduzir o pensamento crítico e negativo que caracteriza a depressão.

O estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Exeter, em parceria com as Universidades de Oxford e Magdeburg. Eles acompanharam 50 pacientes com histórico de depressão, divididos em dois grupos. 

Um dos grupos recebeu terapia cognitiva baseada em mindfulness, que consiste em exercícios de meditação guiada e reflexão sobre os próprios pensamentos e emoções. O outro grupo não recebeu nenhuma intervenção. Os resultados mostraram que o grupo que fez a terapia teve uma melhora significativa nos sintomas depressivos e na capacidade de se sentir bem consigo mesmo.

O Dr. John Denninger, diretor de pesquisa do Instituto Benson-Henry de Medicina Mente-Corpo no New York City General Hospital, Massachusetts, afiliado à Universidade de Harvard, explica que a meditação ajuda a treinar o cérebro para se concentrar no presente e evitar se distrair com pensamentos negativos, emoções e sensações físicas. Além disso, a meditação pode alterar algumas regiões do cérebro que estão relacionadas à depressão, como o córtex pré-frontal medial.

Matéria produzida com informações de Infobae

 

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