Uma das frases mais comuns que muitas pessoas já ouviram (ou falaram) durante uma relação sexual é “isso nunca me aconteceu antes”. Perder a ereção ocasionalmente é normal e pode acontecer com a maioria dos homens.
No entanto, mesmo sendo normal, uma pesquisa realizada em 2016 mostrou que perder a ereção está entre os medos mais comuns dos brasileiros. O estudo também revelou que 32,4% dos homens tinham dificuldade em ter e manter a ereção, o que é conhecido como disfunção erétil.
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As mulheres também são afetadas por disfunções sexuais, sendo os três problemas mais relatados a falta de libido, dificuldade em atingir o orgasmo e dor durante a relação sexual. As causas das disfunções relatadas não são as mesmas e muitas vezes estão relacionadas a fatores psicológicos, como ansiedade e estresse. Entenda.
O que são as disfunções sexuais?
De acordo com o urologista Leonardo Seligra, membro do departamento de andrologia, reprodução e sexualidade da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), "as disfunções estão ligadas a uma falta de conhecimento e educação sexual adequada. A pessoa não se conhece, não sabe como funciona, o que ela acha bom", afirma.
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"As disfunções estão ligadas a uma falta de conhecimento e educação sexual adequada. A pessoa não se conhece, não sabe como funciona, o que ela acha bom"
Uma disfunção sexual pode ser considerada qualquer condição que dificulte a relação sexual, ocasione desconforto ou impeça uma relação sexual saudável, segundo especialistas.
A condição anteriormente conhecida como “impotência sexual” é agora chamada de disfunção erétil. É caracterizada pela dificuldade em obter ou manter uma ereção satisfatória para a penetração. Muitas vezes, pode estar relacionada a fatores emocionais ou psicológicos.
É difícil determinar exatamente quantos homens no Brasil sofrem de disfunção erétil. De acordo com outro urologista do ramo, Luiz Otávio Torres, secretário-geral da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e ex-presidente da International Society for Sexual Medicine (ISSM), a estimativa é que o número varie entre 7% e 20%, dependendo da idade da pessoa.
Medo de falhar no ato sexual
O medo de falhar na hora H pode explicar a alta procura por medicamentos para tratar a disfunção erétil. A plataforma Consulta Remédios (CR), diz que dois medicamentos para o tratamento ficaram entre os três mais vendidos nos primeiros seis meses de 2023: o citrato de sildenafila e o tadalafila. São os chamados, nessa,mesma ordem, Viagra e Cialis.
No entanto, o fato de que esses medicamentos foram os mais vendidos não significa necessariamente que o número de brasileiros com disfunção erétil seja alto. Segundo Seligra, muitos homens compram esses medicamentos devido à ansiedade de desempenho e ao medo de falhar.
Disfunções eréteis em homens
A disfunção erétil pode ser dividida nos grupos orgânico e psicológico. O primeiro inclui problemas físicos que afetam a vascularização ou enervação do pênis, como idade e comorbidades de hipertensão e diabetes. A primeira atitude é tentar mudar o estilo de vida, controlar a glicose e focar no exercício físico nesses casos.
Já o grupo psicológico inclui circunstâncias pessoais que podem afetar a performance sexual e causar falhas na ereção. Nesses casos, o indicado é procurar uma terapia sexual. Caso a mudança no estilo de vida e a terapia não ajudem na disfunção erétil, existem outros tipos de tratamentos disponíveis.
São os medicamentos orais (como o citrato de sildenafila e o tadalafila), medicamentos injetáveis (que induzem a ereção) e cirurgia de prótese peniana para casos graves (minoria dos casos).
Outras disfunções comuns entre os homens incluem a ejaculação precoce e a diminuição do desejo sexual. É importante lembrar que essas condições precisam ser persistentes, não ocasionais, e podem ser totalmente independentes uma da outra.
Ejaculação precoce
A ejaculação precoce afeta cerca de 30% do público masculino. Não existe uma idade específica para começar a aparecer. Ela ocorre quando o homem tem o orgasmo (e ejacula) em até um minuto após a penetração. Para comparação, estudos mostram que o tempo médio de latência (da penetração até o orgasmo/ejaculação) é de cerca de cinco a seis minutos.
Redução do desejo sexual
Os homens também podem sofrer com a diminuição da libido e do desejo sexual, assim como as mulheres. No caso dos homens, essa diminuição pode ser causada pela falta de testosterona, um hormônio intimamente ligado à função sexual, incluindo o alcance do orgasmo e o início da ereção.
Seligra alerta para o tratamento deve ser orientado por um especialista e se não tratado pode gerar problemas de saúde. "Existem algumas formas de repor a testosterona, mas isso precisa ser bem indicado pelo médico. A ausência desse hormônio é ruim, mas o excesso é ainda pior. Como ele mexe com o metabolismo, o excesso pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, níveis de colesterol, hipertrofia do coração".
Disfunções eréteis em mulheres
A falta de desejo sexual, a anorgasmia (incapacidade de ter orgasmo) e a dor durante a relação sexual (dispareunia e vaginismo) são as disfunções sexuais mais recorrentes nas mulheres. De acordo com a ginecologista Taís Calomeny, assim como como nos homens, o incômodo precisa ser persistente, já que não existe uma única causa para esses problemas.
A ginecologista afirma que "é muito importante conversar com a mulher, para conseguir esclarecer o que está acontecendo. Muitas pacientes não relacionam as disfunções a determinados fatos e conforme vamos conversando, ela vai se abrindo e aí descobrimos o foco do problema".
Falta de desejo sexual
A falta de desejo sexual é a disfunção mais prevalente entre as mulheres e pode ser causada por fatores psicológicos, comportamentais e ambientais. É importante investigar como estão os hormônios da mulher. Durante a transição menopausal e menopausa, a mulher passa por uma série de mudanças devido à redução do estradiol, o que pode levar à atrofia vaginal e atrapalhar a relação sexual, esclarece Calomeny.
Conforma a causa, o tratamento para a falta de desejo sexual vai sendo direcionado, podendo incluir medicamentos (hormonais e não hormonais) e terapias (psicológica e/ou sexual).
Anorgasmia
"Às vezes a mulher não conhece seu próprio corpo e tem dificuldade de chegar ao orgasmo, ela não sabe como fazer isso", diz também a ginecologista.
O tratamento para a anorgasmia, bem como para a falta de libido, é baseado na causa do problema. É importante conversar com a paciente e fornecer orientações sobre como seu corpo funciona, além de sugerir exercícios para explorar a fisioterapia pélvica e os órgãos genitais, como a masturbação.
Dor no ato sexual
A dispareunia e o vaginismo são disfunções sexuais decorrentes da dor no ato sexual. A dispareunia é caracterizada pela dor durante o ato sexual, enquanto o vaginismo é a incapacidade de ter penetração sexual prazerosa para a mulher. Calomeny acrescenta que “é preciso entender o histórico da paciente e descobrir se existe algum fator psicossocial. Ela pode ter um vaginismo relacionado a algum trauma, por exemplo".
Os tratamentos para essas condições podem incluir treinamento muscular, massagem perineal, fisioterapia do assoalho pélvico associada a técnicas de dessensibilização dos músculos e medicamentos.
Com informações de g1