Um recente estudo realizado em colaboração entre a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens-USP), em conjunto com outras instituições, revelou um cenário alarmante no que diz respeito à qualidade dos alimentos ultraprocessados disponíveis nos supermercados brasileiros. A pesquisa, publicada no periódico Scientific Reports em 30 de agosto, analisou cerca de 10 mil produtos ultraprocessados, identificando uma relação preocupante entre esses alimentos e a saúde dos consumidores.
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Ingredientes Críticos em Excesso
O estudo revelou que aproximadamente 98,8% dos produtos ultraprocessados avaliados continham excessivas quantidades de sódio, gorduras e açúcares livres. A presença destes componentes em níveis elevados está associada ao desenvolvimento de doenças crônicas como obesidade, diabetes, hipertensão e enfermidades cardiovasculares. Os pesquisadores alertaram para a importância de se aumentar a conscientização acerca dos riscos associados a esses ingredientes e a implementação de medidas regulatórias.
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Aditivos Cosméticos e seus Efeitos
Além dos ingredientes críticos, a pesquisa também identificou a presença generalizada de aditivos cosméticos em 82,1% dos produtos avaliados. Esses aditivos, utilizados para realçar a cor, sabor ou textura dos alimentos, têm sido associados a efeitos adversos à saúde. Por exemplo, há evidências da relação entre corantes e alergias, emulsificantes e alterações na microbiota intestinal, além de nitritos e o desenvolvimento de câncer. A falta de regulamentações que exijam a divulgação precisa das quantidades de aditivos utilizados em cada produto levanta preocupações adicionais.
Desafios da Indústria Alimentícia
Os especialistas apontam que o problema está enraizado nas práticas da indústria alimentícia brasileira. A busca por alimentos que sejam convenientes, de longa durabilidade nas prateleiras e acessíveis acaba levando ao uso excessivo de ingredientes prejudiciais à saúde, como sódio, gorduras e açúcares, bem como aditivos. O foco em produção em massa e baixo custo muitas vezes prevalece sobre a nutrição e a saúde dos consumidores.
Legislação e Conscientização Necessárias
Segundo os peritos, uma abordagem multidimensional é necessária para lidar com essa questão complexa. A imposição de legislações mais restritivas quanto aos insumos adicionados pela indústria é uma sugestão comum. Além disso, os consumidores devem ser informados de maneira clara sobre os ingredientes presentes nos alimentos que compram. No entanto, mudanças reais também dependem da conscientização pública, do aumento do poder aquisitivo da população e de políticas públicas que coloquem a saúde dos cidadãos em primeiro lugar.
Impacto na Saúde Pública
Os especialistas acreditam que a mudança em direção a alimentos mais saudáveis teria um impacto significativo na saúde pública. Ao melhorar a qualidade da dieta, a população pode enfrentar um menor risco de desenvolver doenças crônicas, reduzindo a pressão sobre o sistema de saúde. Para alcançar essa transformação, é necessária uma abordagem coordenada que envolva os setores governamentais, a indústria alimentícia, a sociedade civil e os consumidores.
Embora o caminho seja desafiador, a conscientização sobre os perigos dos alimentos ultraprocessados e a promoção de escolhas mais saudáveis são etapas fundamentais na direção de uma população mais saudável e um futuro com menos doenças crônicas.
Com informações do G1.