Um novo estudo conduzido pela Universidade da Pensilvânia revelou que temperaturas do ar consideradas moderadamente altas, próximas a 34°C, podem levar a um aumento constante da frequência cardíaca em condições úmidas, antes mesmo que a temperatura central do corpo comece a subir. Esse fenômeno, conhecido como tensão cardiovascular, está se tornando cada vez mais relevante à medida que eventos de calor extremo se tornam mais frequentes devido ao aquecimento global.
A pesquisa, publicada no Journal of Applied Physiology, é parte de uma série de estudos recentes que alertam sobre os riscos para a saúde cardíaca causados pelo aumento das temperaturas. Conforme o aquecimento global avança, o mundo tem enfrentado altas temperaturas recordes em níveis preocupantes. O aumento das ondas de calor coloca mais pessoas em risco e desafia os sistemas de saúde em todo o mundo.
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Para determinar o limiar de risco cardíaco, os pesquisadores envolvidos no estudo submeteram 51 participantes jovens e saudáveis a atividades físicas leves em uma câmara ambiental, onde a temperatura ou a umidade eram aumentadas a cada 5 minutos. A temperatura central de cada participante foi monitorada usando sensores internos, enquanto os batimentos cardíacos também foram medidos.
Os resultados mostraram que, à medida que a temperatura da câmara aumentava, a frequência cardíaca dos participantes também aumentava e, posteriormente, se estabilizava. No entanto, quando a câmara continuava a aquecer, os batimentos cardíacos dos voluntários aumentavam novamente, indicando tensão cardiovascular. Os pesquisadores observaram que, em condições úmidas, a tensão cardiovascular ocorria quando a temperatura estava em torno de 34°C, enquanto em condições secas esse limite era de cerca de 41°C. A tensão cardiovascular começava cerca de 20 minutos antes da temperatura central do corpo dos participantes começar a subir.
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A pesquisa também mostrou que o calor pode afetar o coração mesmo quando as pessoas estão em repouso. Em outro estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Roehampton em Londres, foi descoberto que, a 50% de umidade, as frequências cardíacas em repouso dos participantes eram, em média, 64% mais altas a 50°C do que a 28°C. Isso indica que, mesmo em situações de descanso, a frequência cardíaca continua aumentando sob altas temperaturas.
Os mecanismos do corpo humano para regular a temperatura central em situações de calor incluem o aumento do suor e o fluxo sanguíneo para a pele, resultando em maior demanda metabólica e, consequentemente, em um aumento da frequência cardíaca. Esse esforço extra pode ser inofensivo para jovens adultos saudáveis, mas para os idosos ou indivíduos com problemas cardíacos pré-existentes, a exposição ao calor extremo pode ser potencialmente mortal. De acordo com uma meta-análise de 2022, um aumento de apenas 1°C na temperatura está associado a um aumento de 2,1% no risco de morte relacionada a doenças cardiovasculares.
Os resultados deste estudo ressaltam a importância de se entender os impactos das mudanças climáticas na saúde humana e de desenvolver estratégias para proteger a população vulnerável durante ondas de calor cada vez mais frequentes. A conscientização sobre os riscos e a adoção de medidas preventivas podem ser fundamentais para reduzir os danos causados pelo calor extremo no futuro.