A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a dengue se tornará um problema para mais regiões do globo ainda nesta década. Atualmente, a incidência da doença é maior apenas em países da Ásia e da América Latina.
No entanto, com o aquecimento global, a enfermidade, que é exclusiva de climas tropicais e subtropicais, tende a se espalhar por mais regiões do mundo. Segundo Jeremy Farrar, especialista em doenças infecciosas da OMS, é provável que a infecção se torne endêmica, isto é, se manifeste com mais frequência, em partes de EUA, Europa e África, regiões que, até então, apresentaram apenas uma transmissão limitada da doença.
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“Precisamos falar muito mais proativamente sobre a dengue”, disse Jeremy Farrar à Reuters. O especialista defende que é necessário “preparar os países para lidar com a pressão adicional que virá… no futuro, em muitas cidades grandes”.
Aumento de casos
O número de casos da dengue já vem aumentando nos últimos anos, impulsionado pelas mudanças climáticas e a urbanização. Segundo a OMS, apenas nas Américas, a incidência da infecção cresceu de 1,5 milhão de casos acumulados na década de 1980 para 16,2 milhões de 2010 a 2019.
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A nível global, a tendência também é de aumento. Aproximadamente metade da população mundial está em risco de contrair a doença, diz a Organização.
Jeremy Farrar afirma que esse aumento exercerá uma pressão aguda sobre os sistemas hospitalares em muitos países.
“O atendimento clínico é realmente intensivo e exige uma alta proporção de enfermeiros por paciente. Eu realmente me preocupo quando isso se tornar um grande problema na África Subsaariana”, disse.
Para ele, é preciso “combinar diferentes setores que não estão acostumados a trabalhar juntos”, de modo que os investimentos sejam feitos nas áreas corretas e que seja encontrada a melhor forma de controlar o mosquito.
Na última segunda-feira (2), o Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização da OMS (SAGE, na sigla em inglês) passou a recomendar uma nova vacina para a dengue. A Qdenga, ou TAK-003, que está disponível no Brasil, deve ser aplicada em crianças de 6 a 16 anos que vivem em regiões com alta carga e transmissão da doença.