Uma pesquisa realizada por cientistas do Medical College of Wisconsin, dos EUA, que ganhou forte repercussão num simpósio da Sociedade Americana de Bioquímica e Biologia Molecular, realizado este mês na Filadélfia, chamou a atenção do público por revelar os possíveis perigos escondidos no consumo dos chamados refrigerantes zero, ou seja, aqueles que não contêm açúcar.
Os pesquisadores analisaram o impacto provocado no fígado por duas substâncias contidas na imensa maioria dessas bebidas: o acessulfame de potássio, conhecido também como acessulfame-K, e a popular sucralose.
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Os resultados, ainda não definitivos, mostraram que seu consumo frequente resulta em prejuízos na realização da principal função do órgão, que é desintoxicar o corpo. Os dois compostos que adoçam os refrigerantes sem açúcar atrapalham e reduzem a atividade da glicoproteína P (P-gp), responsável por “limpar” as toxinas encontradas no organismo. Esse mesmo mecanismo realizado pela P-gp também é realizado no processamento de medicamentos ingeridos. Ou seja, ao falhar nesta tarefa, o fígado não garantirá o funcionamento adequado de um remédio consumido.
“Observamos que os adoçantes afetam a atividade da P-gp nas células do fígado em concentrações esperadas pelo consumo de alimentos e bebidas comuns, muito abaixo dos limites máximos recomendados pela FDA (a agência norte-americana que regula medicamentos e alimentos”, comentou a líder do estudo, Stephanie Olivier Van Stichelen.
Os responsáveis pela análise frisaram que ainda não é necessário fazer mudanças emergenciais nas fórmulas dos refrigerantes e outras bebidas que usam as duas substâncias adoçantes, uma vez que a pesquisa tem caráter preliminar e precisará ser concluída em outras fases. No entanto, eles deixaram um alerta de que este consumo pode, em algum nível, trazer prejuízos à saúde humana, especialmente porque a quantidade consumida de bebidas com acessulfame-K e sucralose é elevada, já que as pessoas optam pelo “zero açúcar” tentando evitar outros problemas, como o diabetes.