Durante o lançamento do Plano Safra para Agricultura Familiar 2025/26, realizado nesta segunda-feira (30), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quebrou o protocolo para rebater o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e destacou números do governo Lula (PT).
Haddad critica Bolsonaro e o chama de “covarde”
“Eu acordei pela manhã de hoje e não posso deixar de mencionar o ataque que o senhor sofreu do antecessor nas redes sociais, que talvez tenha acordado chateado pelo fracasso do evento na Paulista ontem e resolveu lhe atacar”, iniciou Haddad.
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Em seguida, o ministro afirmou que Jair Bolsonaro é “covarde”: “Ele é muito diferente do senhor, como o senhor sabe. O senhor amargou poucas e boas neste país, e eu, quando visitava o senhor como seu advogado, o senhor nunca pediu para qualquer um de nós petistas, nem mesmo eu, que o representei em 2018, o senhor nunca pediu um favor, nunca pediu anistia, nunca pediu perdão, nunca pediu nada disso. O senhor teve a dignidade de falar para todos nós e pedir justiça, pedir para ser julgado com base nas provas que tinham sido apresentadas.”
Haddad continuou: “[Bolsonaro] nem foi julgado e já está pedindo perdão e anistia, já está correndo, como sempre corre do debate. Desde 2018 que eu estou esperando esse homem para eu fazer um debate com ele, e ele está sempre fugindo do debate. Se esconde nas redes sociais e hoje veio mais uma vez fazer uma coisa que ele raramente faz, que é mentir. Todo dia ele aparece com uma mentira nova.”
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Redução da fome e crescimento da economia
Haddad lembrou que Lula herdou 33 milhões de brasileiros passando fome e que o governo conseguiu reduzir esse número em menos de três anos:
"O senhor herdou desse senhor 33 milhões de pessoas passando fome e, em dois anos e meio, reduziu a menos de 1/4 essa população, que nós ainda vamos atender e acabar com a fome pela segunda vez na história do Brasil até o final desse mandato com a ajuda desses grandes ministros. Durante o governo dele, o preço do alimento subia acima da inflação todos os quatro anos — é só pegar as estatísticas do IBGE — e agora a renda, felizmente, cresce acima da inflação e, inclusive, da inflação de alimentos. Isso não sou eu que estou dizendo, é um órgão de Estado que divulga os dados oficiais da economia brasileira.”
O ministro também destacou: "O senhor está com a menor taxa de desemprego da história, o senhor está com a melhor distribuição de renda da história, a menor taxa de jovens nem-nem (nem estuda e nem trabalha) da história, com a inflação em queda, o dólar em queda e o PIB em alta. Essa é a economia que o senhor está criando para o Brasil.”
Justiça fiscal e recado a Hugo Motta
Haddad usou parte do discurso para enviar recados diretos a Hugo Motta (Republicanos-PB) e ao Centrão, que articularam a derrubada do decreto do IOF no Congresso Nacional.
"Bolsonaro agora fica com esse papo de aumento de imposto. Deixa eu falar para vocês qual é o aumento mais cruel de imposto que o presidente pode fazer: ele [Bolsonaro] ficou os quatro anos do mandato dele sem reajustar a tabela do Imposto de Renda. Sabe o que isso significa? Que quando um trabalhador, que teve um aumento apenas pela inflação, passa a faixa de isenção de imposto de renda, ele passa a pagar imposto de renda ganhando a mesma coisa, simplesmente por causa da crueldade de congelar a tabela de isenção como ele fez durante quatro longos e tristes anos do Brasil.”
Segundo Haddad, o Congresso, a pedido de Lula, corrigiu a faixa de isenção: "Agora o Congresso, atendendo um pedido seu, colocou a faixa de isenção em dois salários mínimos, ou seja, acima de R$ 3 mil, contra R$ 1.900 da época dele [Bolsonaro]. São 10 milhões de brasileiros que deixaram de pagar imposto de renda. E, se o seu projeto for aprovado este ano, serão mais 10 milhões de brasileiros que deixarão de pagar imposto e outros 5 milhões que ganham entre 5 e 7 mil por mês vão pagar menos do que pagam hoje.”
“Nós vamos fechar todas as brechas”
Haddad também defendeu a proposta de fechar brechas usadas para isenção de grandes empresários:
“Qual é a moral desse senhor [Bolsonaro] para falar de aumento de imposto? Por que nós estamos fechando brechas para o andar de cima pagar? Isso nós vamos continuar fazendo. Nós vamos fechar todas as brechas que são criadas por jabutis... No Brasil, o jabuti é órfão de pai e mãe, ninguém assume a paternidade do jabuti quando aparece numa lei, e geralmente é para favorecer um grande empresário... isso [fechar as brechas] não é aumento de imposto, é ter o mínimo de respeito pelo trabalhador que paga as suas contas com o Estado em dia.”
Por fim, o ministro reforçou a meta de isentar até 25 milhões de famílias do Imposto de Renda:
"Nós vamos terminar o mandato do presidente Lula com essa nova lei aprovada [...] nós vamos colocar 25 milhões de famílias pagando nada ou menos imposto de renda, isso é fazer justiça... Sabe quantos vão começar a pagar? 140 mil... 140 mil pessoas para 25 milhões de beneficiários. 'Ah, mas você vai cobrar o que eles não podem pagar'. É a mesma alíquota de uma professora de escola pública. A alíquota em país rico chega a 40%, nós vamos cobrar o mínimo de 10%. Se o cara já paga 2%, ele vai pagar mais 8%. A mesma alíquota que paga o policial militar, o bombeiro, uma professora de escola pública, a mesma alíquota — e está essa grita toda? E por que a gente elege uma pessoa com o perfil do Lula? Se não for para mudar o Brasil para melhor... nós estamos lutando pela dignidade do trabalhador que paga suas contas e que nem escolhe pagar, porque é descontado na fonte. Nós vamos continuar fazendo justiça social. Pode gritar, pode falar [...] nós temos que fazer justiça no Brasil. Nós não podemos nos intimidar na busca de justiça.”