Amigo de Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), o deputado André Ventura, uma das principais lideranças da ultradireita em Portugal, anunciou pelas redes sociais que seu partido, o Chega, fará uma "investigação própria" mirando supostos negócios do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no país europeu.
"Depois de milhares de denúncias recebidas, o CHEGA irá fazer uma investigação própria à influência, património e rede de interesses do ministro do STF Gilmar Mendes, em Portugal", revelou em publicação na rede X na manhã desta segunda-feira (23).
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Em seguida, Ventura segue com a velha narrativa da ultradireita bolsonarista, propagada por Eduardo nos EUA, sobre "ditadura" no Brasil.
"Todos sabemos que o Governo Lula e os seus amigos tiveram e ainda têm em Portugal um lote grande de amigos que lhes apara os golpes, mesmo tendo em conta a ditadura em que o Brasil se está a tornar. Esse tempo , no que depender do CHEGA, vai acabar", afirmou o deputado, embora uma "investigação própria" não tenha quaisquer valor jurídico, especialmente em se tratando de uma autoridade de outro país.
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A medida tem como objetivo propagar mais uma narrativa bolsonarista sobre ministros do Supremo. Mendes é conhecido em Portugal pelo Fórum Jurídico - que ganhou a alcunha de GilmarPalooza - realizando anualmente no país.
O evento é uma parceria do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) - que tem como sócio o próprio Gilmar -, o Instituto de Ciências Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (ICJP) e a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Depois de Alexandre de Moraes, o algoz do clã Bolsonaro, Mendes é um dos alvos prediletos da ultradireita brasileira.
Em março deste ano, após Eduardo anunciar que permaneceria nos EUA alegando "perseguição" de Moraes, o blogueiro Allan dos Santos provocou Mendes nas redes.
"Oi, Gilmar Mendes. Tudo bem? Como estão os negócios em Portugal?", indagou.
Em outra publicação, logo em seguida, Allan dos Santos sinaliza que além de Moraes, o lobby bolsonarista deve pedir o uso da Lei Magnitsky para os outros ministros.
"Como uma pessoa ficará como colaborador de uma universidade americana proibido de pisar em solo americano?", indagou ao compartilhar o perfil de Barroso, que cita a atuação do ministro como "colaborador acadêmico na Harvard Kenney School", localizada nos EUA.
Amigo na posse de Trump
Eduardo Bolsonaro já se encontrou por diversas vezes com o líder do Chega. Em publicação nas redes em janeiro, o filho de Jair Bolsonaro publicou foto com Ventura e a madrasta, Michelle Bolsonaro, em meio à posse de Donald Trump nos EUA.
"Líder do partido Chega e uma das figuras mais fortes da política portuguesa, Ventura tem se destacado como uma voz firme na luta pela soberania nacional e pela preservação dos valores tradicionais em um país cada vez mais influenciado por tendências progressistas/socialistas. Ventura é parte de uma aliança global pela liberdade, unindo líderes conservadores que resistem às pressões globalistas e defendem os valores fundamentais das nações", escreveu Eduardo, classificando o deputado português como "amigo".