A ida de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os EUA, repentina e deixando para trás seu mandato de deputado federal, sob o pretexto patético de estar “ameaçado de prisão” pelo STF, quando na verdade nem era investigado por coisa alguma, não foi uma ação intempestiva do filho 03 de Jair Bolsonaro (PL). No começo, para grande parte dos analistas políticos e da imprensa, de fato o movimento feito por ele causou estranheza e incógnita, mas agora tudo está claro: o parlamentar extremista “sacrificou” seu cargo no Congresso e comprou uma briga gigantesca com o Supremo para se cacifar como o nome a ser lançado à Presidência da República em 2026, representando a extrema direita eleitoralmente poderosa e capitaneada por seu pai, o beócio que “encantou” o Brasil, que mesmo após um mandato pífio e desastroso, eivado dos mais absurdos crimes, segue mantendo sob seu poder boa parte das mentes de brasileiros que matam e morrem por seu legado nulo e repugnante.
Passados pouco mais de três meses da chegada de Eduardo aos EUA, ele próprio já percebeu que não é mais possível disfarçar sua intenção, pois já age como presidenciável e foi parar até numa bizarra capa da revista Veja, no melhor estilo “caçador de marajás”. Diariamente, em entrevistas para setores da mídia que dão voz a um notório extremista autoritário e gritalhão, ele até ventila a “hipótese”, tratada como missão de vida, de sair no próximo ano como o nome ao Palácio do Planalto. O que apenas confirma tudo que vemos até aqui é o comportamento de boa parte da bancada bolsonarista e dos patetas que animam a claque radicalizada nas redes, que já o tratam como um sucessor não oficializado do pai. Em suma, era justamente o que ele procurava e, aparentemente, vem conseguindo.
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Do outro lado da moeda do extremismo está Michelle Bolsonaro. Esposa jovem de Jair Bolsonaro, o “mito”, ela é uma nulidade política e cognitiva. Por razões estéticas e pelo nauseabundo proselitismo política, a mulher que vive com o ex-presidente passou também, há algum tempo, até mesmo antes de Eduardo, a ser cogitada como a sucessora do sujeito que conseguiu ser o primeiro presidente a não se reeleger no Brasil. Seu nome aparece em pesquisas de intenção de voto e é venerado pelas hostes mais lobotomizadas do neopentecostalismo bufo controladas por seu marido.
Num cenário como esse, com dois personagens tão umbilicalmente ligados a Bolsonaro, um por ser sua esposa e a outro por ser seu filho, uma verdadeira fenda se abriu no bolsonarismo, que passa a debater 24 horas por dia quem colocará seu nome na urna em 2026, já que o “capitão”, inelegível por oito anos, provavelmente estará preso até lá por sua tentativa fracassa de golpe de Estado. O fato é que o ambiente converteu-se num duelo.
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Nos intestinos das redes sociais e nos grupos de WhatsApp mais variados compostos por figuras afeitas ao núcleo de poder da extrema direita, aliados de Eduardo procuram enaltecer o nome do rebento 03 de Jair Bolsonaro e aplaudir com louvores cada um de seus passos em Washington, reforçando a “impressão” de que ele deveria ser o candidato a presidente diante da impossibilidade do pai. O bolsonaristas que mexem com a massa, ou o “gado”, com suas lives nas redes sociais, não escondem a predileção pelo filho do ex-presidente e, com discrição e distância, igualmente o retratam como virtual candidato no ano que vem.
No outro extremo da disputa, Michelle investe forte nos evangélicos. Pastores, mulheres de discurso ultrarreacionário e alguns aliados pontuais reforçam o “poder de voto” da ex-primeira-dama. Para eles, dizem nas mensagens e nas lives, a esposa de Jair Bolsonaro tem mais “simpatia” e seria muito mais palatável e agradável do que o histriônico e histérico filho que passa o dia vociferando nas redes. Ela teria uma face mais aceitável para “conquistar” o eleitorado antiesquerda, alegam. É preciso reconhecer que Michelle não faz questão alguma de dissipar essas iniciativas e realmente se comporta como pré-candidata e antítese do enteado nessa fração ideológica.
O que se sabe até aqui é que a artilharia de Eduardo Bolsonaro será mais pesada contra a “adversária” do que o contrário, haja vista a própria personalidade do deputado, um homem tão descompensado quanto o pai e violento nas palavras e nas ações. O mistério mesmo é saber como ele abrirá fogo contra a madrasta sem desagradar o pai ou sem provocar uma desagregação familiar sem volta. Por ora, o que se pode afirmar é que os dois sequer estão se falando, mas é válido salientar que, antes mesmo de tudo isso, a relação entre Michelle e os quatro filhos homens de seu esposo já era em tom caótico e sem qualquer possibilidade de diálogo civilizado.