VEXAME

Hugo Motta tenta lacrar com governo Lula, mas termina humilhado

Presidente da Câmara usou as redes sociais para tentar se aproveitar do debate sobre o IOF, mas acabou desmentido

Hugo Motta tenta lacrar com governo Lula, mas termina humilhado.Créditos: Marina Ramos / Câmara dos Deputados
Escrito en POLÍTICA el

Na noite de segunda-feira (16), Centrão e bolsonaristas se uniram e aprovaram o requerimento de urgência para o projeto que revoga o decreto do governo Lula sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O placar final foi de 346 votos a favor e 97 contra.

Com o objetivo de enviar um recado ao governo Lula, Hugo Motta (Republicanos-PB) fez uma publicação em que confronta diretamente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad: "346 votos. Um recado claro da sociedade — a Câmara foi apenas o veículo que ecoou essa demanda: o país não aguenta mais aumento de imposto. Toda essa discussão sobre as contas não é sobre quem mora na cobertura ou no andar de baixo. É sobre todos nós que moramos no mesmo prédio. Não é hora de medir forças. É hora de somar coragem para ajustar as contas e fazer o Brasil crescer de forma sustentável."

No entanto, o presidente da Câmara dos Deputados foi alvo de uma "Nota da Comunidade", uma ferramenta do X (anteriormente conhecido como Twitter) que permite aos usuários desmentir ou apontar contradições em publicações. Foi o que aconteceu com Hugo Motta.

Internautas destacaram a contradição de Motta: ele defende que o governo federal corte gastos, mas, ao mesmo tempo, apresentou um Projeto de Lei que permitiria aos parlamentares acumular aposentadoria com o salário de um mandato.

"Numa aparente contradição, Hugo Motta apresentou um projeto de lei que autoriza parlamentares a acumularem aposentadoria com o salário de qualquer mandato eletivo, o que é vedado hoje e aprofundaria o problema fiscal brasileiro, exigindo aumento de impostos ou cortes sociais", diz a Nota da Comunidade na publicação de Hugo Motta.

Centrão e bolsonaristas aprovam urgência para derrubar decreto do IOF e “sangrar” governo Lula
 

A Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira (16) o requerimento de urgência para o projeto que derruba o decreto do governo Lula sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A votação, com 346 votos a favor e 97 contra, foi articulada pelo deputado Zucco (PL-RS), da oposição bolsonarista, com apoio de partidos do centrão – muitos deles com ministérios no governo.

Nos bastidores, o objetivo não é exatamente derrubar o decreto por seu conteúdo, mas usar o desgaste político como moeda de troca pela liberação de emendas parlamentares. “A ideia é deixar o governo sangrar”, revelou um deputado da oposição, ao comentar a estratégia por trás da ofensiva.

O governo recuou de parte do aumento do IOF, mantendo a taxação apenas para grandes operações financeiras e aportes acima de R$ 300 mil, buscando justiça fiscal sem pesar sobre os mais pobres. Ainda assim, o decreto virou alvo de pressão de parlamentares ligados ao mercado financeiro e ao agronegócio.

Chantagem por emendas e proteção aos mais ricos

A ofensiva ocorre dias após o ministro do STF, Flávio Dino, cobrar explicações sobre o orçamento de R$ 8,5 bilhões administrado sem transparência por deputados. A decisão irritou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que avisou à base governista que não pautará projetos do Planalto se o pagamento de emendas continuar travado.

A movimentação também coincide com a tentativa do governo de reequilibrar as contas públicas sem sacrificar os mais pobres. A Medida Provisória (MP) apresentada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, em substituição à alta do IOF, propõe cortar isenções para grandes investidores, sites de apostas esportivas (bets) e fintechs, ao mesmo tempo em que preserva programas sociais. 

Gleisi: “arcabouço vale para todos”

A ministra Gleisi Hoffmann afirmou que a aprovação da urgência não enfraquece o diálogo com o Congresso, mas alertou que “se o pacote fiscal for derrubado, o contingenciamento vai aumentar” – inclusive das emendas parlamentares. “Os congressistas aprovaram essas regras, então bate aqui e bate lá”, lembrou pouco antes da votação na Câmara, destacando que o arcabouço fiscal vale tanto para o Executivo quanto para o Legislativo.

O mérito do projeto que suspende o decreto ainda não tem data para votação, e o governo aposta no esvaziamento das sessões durante o recesso junino para ganhar tempo e retomar a articulação.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar